Capítulo 5

Nas mãos do CEO:

Capítulo 5

Daniela Marçal

Acordei com o meu celular tocando alto, e de forma insistente. Me remexe na cama sem vontade de atender, não queria que vissem o quanto estava me sentindo triste.

Era sábado, não iria trabalhar hoje, e sinceramente não queria sair da cama depois de tudo que vivi ontem com Paul naquele fatídico jantar.

Nem jantar no melhor restaurante da cidade tirou a sensação de vazio que ficou após não receber o pedido que eu queria.

Pelo menos para mim, aquele jantar foi um fiasco, uma trágica anedota da minha vontade de finalmente me casar com Paul, e construir a minha família.

Queria ser feliz como meus pais eram, amava a forma que a minha mãe era feliz com o meu pai, e depois da sua morte, ela ainda encontrou alguém que fez os seus dias voltarem a ter o brilho de sempre.

Antes de falecer, meu pai pediu para minha mãe não se entregar ao luto, viver a dor, mas não deixar ela ser o seu guia pelo resto da sua vida.

E assim ela fez, viveu o luto, cada camada dele, depois teve seu momento de solteira e encontrou o meu padrasto. Um homem bom que cuida dela como a mesma merece.

Eu tenho uma irmã de dez anos, fruto de um novo amor que minha mãe estava disposta a viver.

Então, eu queria o mínimo para minha vida, um casamento feliz, filhos e um cachorro, estou aberta a gatos também. Eu somente queria ter a minha família.

No entanto, a decepção foi grande, não tem como falar ao contrário ou florear a situação.

Eram quatro anos namorando Paul, imaginando mil cenários em que finalmente iriamos nos tornar noivos e futuramente casados, iriamos começar a viver a nossa vida de casal.

Entretanto, eu estava tremendamente enganada, as suas ambições e sonhos eram totalmente diferentes dos meus, agora eu sabia.

Paul estava feliz com seu novo passo profissional, ele nem deve ter pensado em como me deixou ansiosa por causa das flores que ele mandou para o escritório, e como todo o conjunto da obra soou para mim.

Jantar em um restaurante chic

Champanhe

Flores

Eu deduzi que seria pedida em casamento, era o que tudo aquilo se desenhou na minha frente.

No entanto, não fui pedida em casamento, e ainda Paul me deixou em casa cedo. Deu a desculpa que a sua mãe estava precisando dele, uma mulher que eu somente sei o nome, nunca fomos apresentadas formalmente, e sinceramente, não sei se quero ser mais.

Paul diz que é muito cedo, que não é a hora de pensar em apresentações como essa. Que a minha cultura é diferente da dele, que os brasileiros são mais calorosos, que eu não vou entender a frieza da sua família.

Quatro anos de namoro é muito cedo, cedo para conhecer a família dele, cedo para fazer parte da sua vida, cedo para começar a quebrar as barreiras que ele insiste em manter de pé.

Paul conhecia a minha mãe, minha irmã e meu padrasto. Todos que eu amava, e que com muito custo deixei para trás, o que queria ser alguém na minha vida.

Já fizemos vários vídeos chamados entre a minha família e ele, Paul conhece as pessoas mais importantes da minha vida. Nem a distância foi capaz de manter eles longes, pois sempre fazemos vídeos chamadas, e o meu namorado gosta de falar com eles.

A questão é que eu nunca, se quer, soube quem era a minha sogra e seu marido na vida real. O que eu sei é que ela está em seu segundo casamento, e que Paul é o seu único filho amado. Eles não tiveram filhos no segundo matrimônio, então Paul cuida de alguns valores monetários do seu padrasto que o tem como filho herdeiro.

Já pensei várias vezes que Paul não me apresenta para a sua família porque eu sou estrangeira, uma brasileira que não tem sangue inglês correndo nas veias. E sim, aqui eles prezam as linhagens e seus sobrenomes, não gostam das misturas, não são adeptos ou aceitam fácil a mistura de classes.

Acredito que seja esse motivo que Paul ainda não tenha demonstrado, e até desconversado sobre me apresentar a sua família.

Mas um motivo para crer que ele não me pede em casamento com medo da família, ele tinha medo de ouvir que não podia ficar comigo, ou que teria que escolher, sei lá, são suposições da minha cabeça.

Pode ser coisa da minha cabeça, eu sempre tento me enganar com essas desculpas.

No entanto, vem a voz do meu chefe na minha cabeça, que sempre me fala que eu não conheço o meu namorado, que eu não faço ideia de quem seja Paul Rothschild.

Do que ele é capaz de fazer para ter o que quer, o que deseja. Se eu for pela linha de raciocínio do Xavier, Paul não me quer, porque ele faz de tudo, menos lutar pela nossa relação. Lutar por mim, esse é o último dos seus pensamentos, agora eu tenho certeza.

Sei que a família Rothschild é uma famosa família de banqueiros e financeiros da cidade de Londres, já vi várias fotos de Paul com a sua família.

No entanto, ele está fazendo carreira na indústria hoteleira, já que seu padrasto não vai largar as finanças tão cedo. É um legado de família, os seus pais prezam isso.

Essa é uma das frustrações de Paul, ele é herdeiro e leva o sobrenome do padrasto, mas o mesmo ainda não irá se aposentar, e passar tudo para o seu filho nos próximos dez anos.

Então, Paul está investindo alguns fundos do padrasto em hotéis na cidade e no sul de Londres.

É algo rentável se for feito de maneira correta e certeira, se Paul se concentrar nisso, e fazer o seu melhor, ele pode ser grande como o meu chefe. Tem público para todo mundo, é somente saber qual é melhor nicho para investir.

Meu telefone tocou de novo, tinha me esquecido de atender e saber quem me ligava às sete da manhã.

Atendo sem nem olhar o discador, é lá que estava a voz que sempre me animava todos os dias.

- Tia Dani!!!! – Minha linda e esperta Olivia me ligava todos os dias, mas era sempre após ela chegar da escola.

- Olá minha polvinha, como você está? – Ouço a sua risadinha do outro lado da linha.

- Bem tia, sabe que eu amo suas canetas, não sabe? – Por isso a chamo de polvinha, quando eu me dou conta, Olivia já mexeu na minha mesa todinha.

Ela gosta das minhas canetas, adesivos e cadernos, Olívia parece um polvo com mil tentáculos mexendo em toda a minha mesa, e desenhando vários desenhos ao mesmo tempo.

- Eu sei minha princesa, a tia até comprou uns lápis de cores para você de aniversário. – Ouço seu gritinho de animação. – E outras surpresas... – Olívia estava eufórica com essa festa que nunca chegava.

- Você vai na minha festa, não vai, tia? – Engulo em seco.

O que eu iria dizer para essa menina que iria fazer cinco anos de idade?

Eu estava organizando a festa da menina, era mais uma tarefa que fui incumbida por meu malvado chefe, ele não confiava em ninguém sobre as coisas referentes a Olívia, mas me pediu esse favor.

Ele pensou que eu iria odiar a tarefa que não tinha nada haver com as minhas obrigações na empresa, mas eu não reclamei, e sim, fiz de tudo para que Olivia tivesse a festa dos sonhos dela.

Ouvi a menina me listar tudo que desejava no evento das princesas, nossa amizade é antiga, desde o primeiro dia que essa menina entrou na empresa chorando por que a escola tinha uma festa de família e meu chefe não foi.

Sim, Xavier não foi, estava em uma reunião importante, a babá desesperada porque a menina não parava de chorar, teve a brilhante ideia de levar a menina para ver o pai na empresa.

Não preciso falar que foi uma confusão, sobrou até para a antiga secretária, eu fiquei com a menina na minha mesa comendo chocolate, enquanto meu digníssimo chato chefe gritava com todos por não terem falado sobre a festa da família da menina na escola.

A questão era que a antiga secretária achou de bom tom, deixar a festa da filha do chefe em segundo plano, do que adiar um compromisso que eu avisei que ela não deveria ter marcado.

E nojenta não me ouviu porque eu era a “estagiaria”, mas eu sabia do amor que Xavier tem pela sua pequena, ele nunca deixaria de ir na festa da escola da menina por causa de uma reunião.

NUNCA!

Mas a querida quis me ouvir?

Não!

Então teve que aguentar Xavier praguejar até a última geração dela, e ainda foi demitida sem poder colocar a empresa como carta de referência, porque com certeza, ele nunca iria indicar ela.

Nisso eu respeito muito meu chefe, desde que ele ficou viúvo, a vida desse homem é essa menina. E ninguém pode dizer, ao contrário, Xavier vivia para fazer Olívia feliz, isso era nítido e respeitado.

Não sei direito o que aconteceu com a mãe da Olívia, também não procuro saber, gosto de me manter neutra no serviço.

Aliás, gosto de me sentir neutra com tudo que tem haver com o passado de Xavier. Mesmo ele vivendo para se meter na minha vida, e no meu namoro, eu não queria saber porque ele era tão ranzinza.

- Tia... – Me lembro da menina.

- Claro que eu vou meu amor, a tia vai pedir para o seu papai me deixar ir... – Ouço os passos decididos.

Olívia grita o nome do pai e eu quase caí da minha cama.

– Olivia, pelo amor de Deus, não é para perguntar isso ao seu pai...

Ouço barulho de chuveiro, Deus, essa menina ainda vai me fazer ser demitida e expulsa de Londres.

- Pai, a tia Dani pode ir no meu aniversário? - Fecho os olhos para não imaginar meu chefe pelado, era muito somente ouvir o barulho da água e imaginar que ele estava pelado.

- Olívia - Ouço ele resmungando. - Daniela Marçal... - Suspiro sem graça. - Você está convidada a ir na festa da Olívia. - Diz com uma voz meio rouca.

- Senhor... - Ele nem deixa eu terminar de falar.

- Estava arrumando o banho da Olívia, depois que acabar, vamos até a sua casa para ver os últimos detalhes da festa da minha filha.

Não era ele tomando banho?

Ele vem à minha casa?

- O quê? - Digo sem saber o que falar.

- Se arrume, vamos visitar o lugar da festa, fazer degustação e claro, ver as princesas... - Hoje era sábado. - E antes que possa pensar em negar o meu pedido, Olívia faz questão da sua presença.

- Vamos, tia Dani, quero ver tudo que vai ter na minha festa!!! - Grita animada e eu quase desmaio sem saber o que dizer.

- Te pego às dez, não se atrase... - Ele desliga e eu fico olhando o celular.

- O que foi isso que aconteceu?

A onda Lancaster vai passar carregando tudo consigo.

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