Capítulo 2

Nas mãos do CEO: Uma mãe para minha filha

Capítulo 2

Xavier Lancaster

O dia tinha sido uma verdadeira droga! Mas uma vez terminava o dia irritado comigo mesmo por não ter previsto tudo que eu tinha certeza que iria acontecer.

Eu sempre aviso, brigo, reclamo, sei que tenho diversos apelidos que não são nada gentis e no final de tudo, eu sempre tenho razão.

Era difícil você ser a peça que movia essa grande rede de hotéis, se eu errasse, todo o meu patrimônio ruiria.

Por isso eu não posso errar, não posso me dar ao luxo de cometer um deslize, então o que eu peço é o mínimo de atenção em seus trabalhos no meu escritório.

Era uma droga ser herdeiro de uma rede de hotéis que você não fazia questão de nem se hospedar, quem dirá ser dono, e ter seu nome entrelaçado a ele.

Estava cansado, juro que eu queria ir para casa e ver a minha filha, mas estou tanto tempo nessa roda giratória que não me tira do lugar. Que eu não quero que a minha menina pergunte novamente porque eu estava tão cansado.

Eu não consigo nem disfarçar para uma menina de quatro anos o quanto estou decepcionado com a minha própria vida.

Esse não foi o futuro que eu sonhei para mim, eu praticamente fui jogado em um cargo que nunca almejei.

Não me perguntaram se eu desejava seguir os passos do meu pai, não me questionaram se eu era a melhor pessoa para o cargo ou até mesmo, cogitaram que eu tinha outros dons além de cuidar de uma empresa de bilhões de dólares.

Aqui estava eu tentando ainda depois de dez anos, e muitos questionamentos, reclamações e dúvidas. Se eu conseguiria viver mais dez anos nesse limbo, a resposta é uma, mas a minha realidade é totalmente diferente.

Olho para foto da minha doce filha, que estava no porta-retrato magnífico, e se encontrava repousado na minha mesa de magno.

Olívia, minha princesa amada e querida, fruto de um casamento fracassado, mas com um único acerto que era seu nascimento.

Uma criança tão alheia a tudo que se sucumbiu ao seu redor. Era a única motivação que me fazia levantar da cama e vir ganhar o mundo.

Ela era o meu combustível para ser dono de um império no ramo de hotelaria. Somente Olívia tinha o poder de me manter firme aqui, atrás dessa mesa e diante de uma Londres velha, movimentada e sem emoção.

Se não fosse para manter Oliva segura e longe da minha família, é longe da família materna, eu já tinha jogado à presidência de tudo isso para o alto. Teria pegado a minha filha, e ganhado o mundo como fazia antes dela chegar em minha vida.

Somente por ela eu continuava aqui de pé, por causa dela, eu engoli tudo o que o meu pai exigia de mim, e também pelo fato de que nunca deixaria minha ex sogra ter a guarda da minha pequena.

Fico alguns segundos olhando para o meu celular, ainda não acredito que Elvira teve coragem de me convidar para um jantar.

- Senhor... - Ouço a voz de Daniela Marçal.

A estagiária anda me irritando mais do que deveria, mentalmente me faço a mesma pergunta todos os dias: Porque eu ainda tinha essa mulher na minha vida?

Na mesma hora vem à memória do quanto Olívia gosta dessa mulher, e do quanto ela pede para ver Daniela Marçal, e até comprar chocolate para a estagiária que ama doces.

- Já não era para ter ido embora? - Solto as palavras sem qualquer tipo de cuidado ou paciência.

A questão, é que eu sempre desconto as minhas frustrações na estagiária.

Daniela não tem culpa nenhuma do fato que eu odeio a minha vida, que eu odeio não poder mandar tudo isso aqui para o espaço. Que eu não possa acabar com a vida da minha sogra de uma vez por todas, meus pais então, eles não vou nem perder o meu precioso tempo.

- O senhor mandou fazer hora extra por causa do empreendimento que está em construção em Fernando de Noronha. - Era verdade.

Estava levando um dos meus empreendimentos para o Brasil, queria um hotel minimalista em Fernando de Noronha, e eu teria esse hotel.

O problema no momento era a dificuldade em encontrar o meio termo para os valores a serem discutidos.

Daniela Marçal era brasileira, eu precisava dela para traduzir todos os documentos que vinham do Brasil para Londres.

- Você já terminou as traduções, ou vai ainda precisar de quantos dias para terminar o seu serviço? - Digo de forma rápida, ágil e sem a menor emoção.

Daniela que ainda tinha que trabalhar muito a sua forma de esconder o quanto sentia raiva de mim, me olhava em desafio.

Geralmente quando ela me olha assim, é porque ela já tem tudo pronto, e vai fazer questão de jogar na minha cara.

Eu conheci essa garota bem, bem até demais!

Sendo que ela não fala nada para me ferir, ela nem pode pensar nisso. A questão é que eu consigo analisar o seu gestos, palavras e atitudes.

Lá no fundo, bem no fundo do seu ser, do jeito que ela me olha. Eu sei que se ela pudesse, ela já tinha me matado há muito tempo. Com uma corda, uma arma ou o fio do telefone, não importa.

Daniela, que estava vestida com uma roupa muito elegante e charmosa, vem até a minha mesa e coloca a pasta que eu não tinha percebido em suas mãos.

Eu realmente pequei nisso, ando um pouco distraído, isso não é bom.

Enfim, ela depositou com muita calma e precisão a pasta de couro que provavelmente deve ter todos os meus pedidos nas últimas duas horas.

- Tudo que o Senhor me solicitou... - Abro a pasta e vejo nas poucas páginas que folheio, que como sempre, ela tinha feito um bom trabalho.

- Okay, Pode se retirar, e ir ao seu encontro... - Olho para a ela.

Daniela Marçal com toda certeza iria encontrar o i***** do namorado dela, um tipinho que acha que pode fazer o império através de puxar o saco das pessoas erradas.

Daniela arruma sua postura, ela sempre tenta não transparecer os seus sentimentos, mas eu sempre sei quando ela está incomodada.

- Como o Senhor sabe que estou indo ao um encontro? - Diz como se realmente estivesse procurando entender o meu raciocínio ao afirmar que ela iria sair.

- Você está mais elegante do que nos outros dias...- Daniela me olha com raiva. - Não estou dizendo que nos outros dias você é desleixada, não é nada disso. Mas tem certos vestidos, perfumes e até mesmo maquiagens, que fazem jus a ocasiões especiais... - Ela dês cruza os braços, já que quando ela fica irritada e zangada. - Fora que você tem um namorado, certo? - Era tão fácil irritar ela.

Ela cruza os braços em frente ao peito, me olha com seu olhar desafiador e empina aquele nariz que um dia ainda vou apertar de tão teimosa que ela é.

- É esse o caso de hoje, você arrumou o seu cabelo de uma forma que somente faz quando vai ao jantar de negócios ao meu lado. Seu vestido é novo, pois está com a etiqueta para dentro. - Daniela cora, e tenta esconder a etiqueta. - Seu perfume é aquele que a Olívia lhe deu de aniversário. - Daniela nem conseguiu me olhar mais nos olhos. - E para finalizar, sua maquiagem, está impecável. - Mantenho a minha cara de paisagem. - Está muito linda Daniela Marçal, pena que é para encontrar alguém que eu não gosto. - Digo tudo isso e volto a minha atenção para a pasta que me foi entregue a segundos atrás.

- Porque não gosta do Paul? - Daniela sempre me fazia perguntas que não era um relacionamento do trabalho.

No começo, eu ignorei, agora eu respondo porque ela era tão insistente, que para manter ela calada, eu comecei a responder.

Apesar de ser bem curiosa e fofoqueira, o assunto "namorado dela" nunca estava em pauta.

Ela nunca tinha me perguntado isso, mas já imaginava que um dia essa pergunta iria vir da parte dela.

- Pergunta para ele... - Olho para ela. - Quem me odeia é ele...- Sinto o olhar dela ainda em cima de mim.

Eu não levantei o olhar nem para responder à sua pergunta, mas eu tinha motivos profundos para odiar com todas as minhas forças o namorado dela.

A questão chave, era que eu não queria mais tocar na ferida. Já me bastava ter perdido muito anos atrás por causa de Paul, eu não daria mais munição para ele fazer inferno na minha vida.

- Um dia eu quero saber o que aconteceu, não posso julgar ou opinar, sem saber de fato as duas vertentes da mesma história. - Olho para ela que estava linda, pena que era para o homem errado.

- Acredito que quando esse dia chegar, o momento que você souber a verdade. - Olho dentro dos seus olhos castanhos. - Nesse dia, você vai se perguntar, como eu não via antes? - Ela me olha sem entender. - Vá Daniela... - Faço um sinal com a mão. - Vai acabar perdendo seu jantar... - Ela arruma a postura, me olha uma última vez, e sai batendo seu salto no mármore até a porta da minha sala.

No meio do caos que minha vida está, eu tinha uma estagiária que ainda tinha que aprender o seu lugar.

Daniela era uma pedra bruta a ser lapidada, a questão era saber se eu teria paciência para ser o seu professor.

Suspiro frustrado, tentar resolver minhas pendências com Daniela é a última das minhas preocupações.

Até prefiro continuar distantes, enquanto ela tiver medo de ser deportada, ela se mantém fiel a mim.

Eu no momento preciso me concentrar na minha ex-sogra, Elvira era quem estava me tirando o sono e a paciência. Junto com ela, vem complicações que não estou disposta a ter no momento, meus pais sempre aparecem quando Elvira começa a fazer sinal de fumaça.

E tudo que eu menos quero na minha vida é ter o meu pai e a minha mãe aqui na cidade. Eles iriam somente encher o meu saco, criticar tudo o que eu faço e tentar arrumar uma "mãe" para Olívia.

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