Mundo de ficçãoIniciar sessãoNas mãos do CEO: Uma mãe para minha filha
Capítulo 2 Xavier Lancaster Ser um herdeiro de uma grande rede de hotéis no Reino Unido demandava pulso firme, visão ampla e estratégia. Quando assumi os negócios da minha família, foquei em fazer o meu império crescer e multiplicar ainda mais. Sou um homem ambicioso, o topo do mundo e ser o melhor é tudo que desejo no momento. Venho de uma família que tem essa rede de Hotéis por varias gerações, mas somente na minha gestão que ela vem crescendo e sendo reconhecida como deveria ser em todas as outras décadas. Foi moldado para estar exatamente nesse lugar, ser o tão influente ao ponto de não me importar com mais nada além do meu sucesso e crescimento da minha empresa. A única brecha que tenho nessa minha vida de CEO autoritário e que deseja ser o melhor do mundo, é a minha filha Olívia. Uma doce e tímida menina que depende de mim para ser um pai atento, mais carinhoso e presente. Olho para foto da doce menina que tenho como bússola em minha vida, a foto que estava no porta-retrato magnífico, e se encontrava repousado na minha mesa de magno. Olívia, minha princesa amada e querida, fruto de um casamento fracassado, mas com um único acerto que era seu nascimento. Uma criança tão alheia a tudo que se sucumbiu ao seu redor, uma briga interna entre mim a sua avó materna. Tínhamos as nossas opiniões divergentes, após a morte de Elisa em um acidente de carro. Elvira tem feito da minha vida um pequeno inferno com cobranças sobre uma nova mãe para a pequena. Segundo ela, Olivia precisava de uma base feminina, uma mulher para guiar e educar a sua neta como a dama que ela tem que ser no futuro. Em certo ponto eu sei que ela tem razão, mas eu não desejo me casar novamente. Não quero ter outra mulher infeliz pelo meu jeito de ser ao meu lado. Ela era o meu combustível para ser um bom pai, coisa que eu não tive na infância. O meu pai somente queria um herdeiro, alguém que continuasse o legado de gerações. E ser dono de um império no ramo de hotelaria era tudo, até Olivia chegar. Entretanto, não queria ter que me casar novamente, fora que todas as futuras candidatas a noivas não eram boas o suficiente para serem mães da minha filha. O dia terminava atrás dessa mesa e diante de uma Londres velha, movimentada e sem emoção. A missão de manter Oliva segura e longe da minha família, é longe da família materna, estava cada vez mais difícil. Fico alguns segundos olhando para o meu celular, ainda não acredito que Elvira teve coragem de me convidar para um jantar. Praticamente me obrigo a ir de encontro com Elvira, preferia mil vezes lidar com ela, do que com os meus pais. Elvira vinha de uma família de renome, Elisa era a esposa perfeita aos olhos dos meus pais, pelo menos seu sobrenome era perfeito para meu pai aceitar o casamento proposto, e fazer da minha vida um verdadeiro inferno. Na cabeça torta da Elvira, Olívia precisa de uma mãe, uma figura feminina, para lhe ensinar como se portar, vestir e futuramente cuidar de uma casa e filhos. Ser a esposa perfeita que ela foi, e que infelizmente a sua filha não era. A conversa era difícil, somente não estava em jogo a guarda de Olívia, disso não abro mão. Elvira nunca me ameaçou com todas as palavras, mas ela sempre enfatiza a importância da minha filha ter uma mãe para cuidar dela. O restaurante era em um dos meus hotéis, como o empreendimento tem um chefe com estrela e prêmios, Elvira fazia questão de ter o bom e o melhor ao seu redor. Um dos fardos de ter o sobrenome que tinha. Quando chego no restaurante, minha ex-sogra já está me esperando sentada na mesa, com seus cabelos presos em um coque baixo perfeito, seu vestido discreto e a sua cara de poucos amigos. Elvira era a personificação perfeita de uma viúva enlutada, sendo que ela ainda tinha o marido vivo, acamado, mas vivo e sendo um lembrete silencioso que ela não estava livre. — Boa noite, Senhora Elvira. – A mulher me olha atentamente com seus olhos afiados e avaliadores. — Boa noite, Xavier. — O sorriso que tem no rosto é o mais falso que a minha cordialidade do momento. Ocupo meu lugar, o garçom chega para anotar meu pedido e o dela, minha ex-sogra fala pra um bom tempo, faz exigências um pouco peculiares. Elvira tinha prazer em dificultar as coisas, eu já conhecia bem o seu jeito, afinal, eu era pai da neta dela. — Senhor Xavier? O que a senhor vai pedir essa noite? Acredito que não será o mesmo de sempre, ou sim? – Elvira me olha com atenção. — Não, pode ser o mesmo que o dela. Hoje estou querendo provar outras opções. – O garçom anota o pedido e Elvira me olha desconfiada. Não tinha prestado atenção no que Elvira pediu, devido às suas insistentes pontuações sobre o ponto e como ela queria ensinar o chefe a fazer seu bife. Tão pouco a comida me interessava, apenas queria resolver nossos problemas em comum, a falta de uma mulher em minha vida e na vida da minha filha. — Como está minha neta? — Mantenho a minha postura. - Como está o meu sogro? - Bebe um pouco do vinho na sua taça, era um vinho tinto que sentia o cheiro amadeirado de onde estava. - Ainda vivo... – Ela coloca a taça na mesa. – Tenho que viver presa às suas diretrizes, mesmo que ele esteja vegetando em uma cama. – Diz com amargura. – Não posso ser livre, tenho que me comportar como uma mulher que sofre pelo marido acamado. Mesmo que eu torça todos os dias para acordar e saber que ele morreu durante a noite por alguma complicação, que os dias dele estão no fim. – Elvira era bem direta. – O bom é que eu não preciso fingir com você, sonho com o dia que meu marido tenha finalmente ido para o andar de baixo. – Recuso o vinho que o garçom tenta me oferecer. Estava dirigindo, e odeio beber perto de pessoas pelas quais eu não tenho nenhuma grama de confiança. - Quem sabe um dia seu sonho se realiza... – Ela somente assente. - E a Olivia? - Repete a pergunta. — Bem... – Digo para preencher o tempo antes de ser atacado. – Está fazendo aula de balé, francês e estou avaliando se a coloco no judô... – Elvira faz cara feia para a última opção. - Olívia é uma menina, nada de lutas para ela. – Diz firme. - Meninas não lutam, meninas são tratadas como damas. - Olho para ela tentando manter uma paciência que nem sabia que tinha. - Olívia pediu para fazer aulas de artes marciais. – Digo vendo nosso primeiro ruído em nossa comunicação. - Ela tem somente três anos... - Diz como se a minha filha não devesse nem opinar. - Quatro! – Retrucou com força. – Ela tem quatro anos e sabe exatamente o que deseja fazer em seus tempos vagos. Fora que eu acredito que ela tenha que saber se defender. Não sabemos do futuro, não sabemos o que pode acontecer lá na frente. O futuro é imprevisível, e não sabemos se Olívia não pode precisar se defender. - Elvira suspira derrotada. - Você sabe o que está fazendo, afinal, foi praticamente criado sozinho. - Não era mentira. - Teve que aprender desde cedo a se defender. - Você sempre faz às vontades da Olívia... – Ela não deixaria barato a escolha de deixar a minha filha fazer o que desejava. Reviro os olhos. - Porque eu amo a minha filha, diferente de certas pessoas... – Me calo. Acho que não precisava falar muito de quem eu tinha certeza que não estava nem aí para a minha pequena. - Da Elisa... – Ela fala sem se abalar. – Fala com vontade, menino... - Me olha sem cerimônia. - Com determinação, Xavier... – Ela ri com amargura. – Eu sei que errei com Elisa, a culpa é minha, eu não vi os sinais... – Olho para o garçom que está vindo com as nossas comidas. - Não estou procurando culpados, até porque, não adianta mais nada, não é mesmo? – Elvira suspira. - Cada um colhe o que planta Xavier, cada um tem que se responsabilizar por suas escolhas. – Diz somente ao ver seu prato, e se calando para comer o seu pedido. O jantar transcorreu de forma silenciosa até certo ponto. — Xavier... – Olho com atenção para Elvira. — Queria tratar sobre um assunto antigo com você. A comida até perdeu o gosto, eu sabia o que ela queria. Sabia exatamente o que ela iria falar sem sair um som de sua boca. — Sabe que pode falar sobre o que deseja Elvira, somente não quero que haja ruindo entre nós. – Ela assente. – O que deseja me falar dessa vez? Elvira estreitou os olhos, ela queria me deixar desconfortável, mas estava longe de me deixar mais irritado do que me arrastar para um jantar a fim de me dar ordens. —Tenho uma pessoa para te apresentar... — Solto uma risada debochada. - Virou casamenteira, Elvira? – Ela me olha com atenção. – Não tente me enganar com esse papo de me “apresentar” a alguém. — Não se trata de lhe apresentar alguém, Xavier. Estou realmente preocupado com o bem estar da minha neta, e pela falta que uma figura feminina possa fazer na vida dela. – Diz como se fosse óbvio. - Olívia precisa de ter uma mãe para cuidar dela, levar a menina em seus compromissos, lhe ensinar etiqueta e principalmente, estar perto dela quando você não pode estar. – Aquilo de alguma forma mexe comigo. Olívia vivia mais tempo em escolas e cursos, do que na sua própria casa. Principalmente, minha filha quase não me via se não fosse as suas visitas à empresa. - Não acha que uma mulher que você quer colocar em nossas vidas pode ser pior que Elisa? - Noto ela trincar sutilmente o maxilar. – Não querendo ser cruel, mas não me vejo casando com as mulheres que estão disponíveis no nosso círculo de amizade e classe. Acho que todas têm pensamentos e missões diferentes na cabeça. Elas vão querer se casar comigo por status, poder e riqueza. Não por causa de uma menina de quatro anos que vai tirar o seu tempo de ir ao shopping, de ir fazer os cabelos no spa ou até mesmo de lhe pedir atenção, mas a mesma vai estar preocupada com o baile da temporada. E realmente não sinto nada além de um amor verdadeiro pela minha pequena, de resto, vejo bem o exterior e o interior de alguém. E vai por mim, há muitas mulheres que podem fingir gostar da minha filha somente para ser a próxima Senhora Lancaster. — Sabe que eu prezo por uma figura materna para a minha neta. - Ela sempre apertava na mesma tecla. — Sabe que não é me apresentando uma esposa, que eu vou aceitar e ceder, não é mesmo? – Elvira se arruma na cadeira. - Não estou aberto a negociações. — Os seus pais estão preocupados... – Fecho os olhos. – Eles encontraram uma boa pessoa para ser a sua próxima esposa. Ali estava o motivo, meus pais usavam o canal que eu tinha aberto com a minha ex-sogra para exigir mais de mim. - Não faça isso... – Digo limpando o canto da minha boca com o guardanapo. - Não preciso de vocês para arrumar uma mulher. Não quero me casar novamente, será que é tão difícil entender isso? - Elvira me olha avaliativa. — Não é uma opção, não mais... – Olho para ela. – Exijo que se casa, ou eu vou agir, e sabe que sou obstinada quando quero algo. - Está me ameaçando? - Estou cuidando da minha neta e da imagem da minha família, Xavier. Todos estão comentando que a menina está jogada, Xavier. Que não tem uma madrasta para tomar conta dela, um pai não supri tudo. – A interrompi. — Se um dia me casar novamente, não será por amor, isso é óbvio, Elvira. No momento, eu não quero me ver na mídia novamente, tendo meu relacionamento sendo holofote para notícias sensacionalistas. E outra, se um dia me casar, vai ser com alguém que eu tenha certeza que ama a minha filha de verdade. Uma mulher que vai amar a menina mais que tudo, e sabemos que mulheres novas dispostas a sacrificar a sua vida para cuidar de uma menina de quatro anos não é fácil de se achar. – Digo olhando para ela e sem deixar qualquer ruído entre nós. - A minha prioridade é a minha filha, somente ela. - Está evitando conhecer a pretendente porque seus pais é quem indicaram? - Diz como se tudo que eu acabei de falar não tivesse peso. - A questão aqui é que eu não me importo com quem vai ser a “melhor” mãe para Olívia. Eu e seus pais não queremos ficar na boca do povo porque você está brincando de “pai do ano” - Estou protegendo a minha filha de ter uma mãe louca cuidando dela. – Digo sério. – Não me levem a mal, mas como casamenteiros, vocês três são péssimos! Então, vou me casar quando eu achar uma pessoa que vai cuidar da minha filha como eu cuidaria. Nada além disso, Olívia precisa de uma mãe, não de uma mulher que vai ser figurante em sua vida. Ela mordeu o lábio com força, ela não queria ouvir isso. Não estou aberto há nenhum casamento sobre contrato vindo deles. - Então vai ser do pior jeito... – Me olha em desafio. – Vou requerer a guarda da Olívia. - Aquilo caiu como uma bomba em minha racionalidade. - Você está brincando... - Nunca brinco, vou lutar judicialmente pela guarda da minha neta. Que juiz não vai acreditar que uma avó pode ser melhor opção em cuidados para a sua filha? Você não tem tempo para Olivia, a menina vivia entre escola e cursos... – Ela sorria em escárnio. – Com a minha melhor cara de avó preocupada posso pelo menos tirar o seu direito de ter a guarda total. Vai ter que ceder, e sei que não gosta de ceder... - Você é suja... - Ela não se abala. — Podemos conversar de verdade agora? — Diz vendo que me desestabilizou. – Sua filha precisa de uma mãe, não de sua negação nesse momento, Xavier. Sei que casamento é uma merda, estou tentando me livrar do meu marido até hoje. – Diz com um humor negro. – Olívia sente falta de ter uma mãe, a sociedade te julga e julga as nossas famílias. Não posso permitir isso. – Diz limpando a boca. – Tem um mês para se casar, ou vou cumprir cada palavra que disse. Pode ter poder e influência, mas a minha família também tem. — Na minha opinião, não precisa se casar com a opção dos seus pais...- Elvira me olha séria. – Se casa com qualquer uma, não ligo. A exigência é que você se case e pare de envergonhar a família. Não quero ficar ouvindo os cochichos que Xavier Lancaster não está casado e que Olívia não tem mãe. Famílias como a nossa são tradicionais, não podem viver aventuras de pais solteiros, Xavier. — Jura que você quer fazer isso? – Ela dá de ombros. Era surreal ouvir isso... — Você acha que sou uma mulher de brincar com algo tão sério? — Não, você não é uma pessoa que costuma brincar, por isso é surreal ouvir isso vindo de você. Ela dá de ombros. — Somente estou lhe dando uma opção, Xavier. Quero que se case, ou eu vou pedir a guarda da menina. Fecho os olhos com força, não posso perder o controle agora. Elvira vai embora sem nem me olhar novamente, odiava perde o controle, mas ela podia fazer exatamente o que acabou de prometer.






