Ponto de Vista de Bernardo:
Eu estava à beira do limite. Não, a beira não. Eu já tinha cruzado o ponto de não retorno, e cada célula do meu corpo estava gritando a plenos pulmões a verdade que eu tentava ignorar.
Quanto mais irritada ela ficava, mais fundo a raiva dela perfurava minha carne, mais difícil ficava para mim manter o controle. Era como se cada palavra de Ema fosse uma brasa, me atravessando e provocando, incendiando o instinto primitivo, chamando o meu lobo faminto para a superfície. Ele estava ali, pronto para rasgar a fachada de civilidade.
Ema.
A minha companheira. O termo ecoava no meu peito como um trovão, reivindicando-a.
Pequena. Desafiadora. Tão pequena que eu poderia cobri-la inteira, mas tão forte que seu olhar me desarmava. Os olhos faiscando raiva e fogo ao mesmo tempo, uma tempestade perfeita em verde e âmbar.
Ela estava na minha frente, a respiração presa e rápida, o peito subindo e descendo de forma ofegante – uma visão que devia ser aterrorizante, m