Ponto de vista: Annabelle
Desde que a lua nos sorriu de novo pela primeira vez — desde que senti minha filha no meu peito outra vez — algo em mim ficou sempre alerta. Há um fio invisível que puxa e estica meu corpo como corda, e quando esse fio vibra eu sei: alguma coisa está acontecendo. Não é apenas intuição de mãe; é aviso antigo, um traço do instinto que me salvou tantas vezes.
Naquele dia senti essa vibração como um aguilhão no estômago. Não era medo vulgar — era uma dor aguda que dizia: preste atenção agora. O meu Lobo Mau, que costuma falar baixo e medir cada passo, parecia me esconder algo. Havia uma tensão diferente nele, um recuo discreto no olhar.
Fui até o meu marido, Andreas, sem alarde. Ele estava sentado, limpando a bainha da espada, o rosto calmo demais. Perguntei direto: — Andreas, está acontecendo alguma coisa?
Ele desviou o olhar. Sorriu, aquele sorriso amarelo que mal disfarça a verdade, e respondeu: — Não está acontecendo nada, meu amor. — Havia nas palavras um so