Tupã não confiava em Mapache.
O sujeito era um quebra-cabeça envolto em névoa — parte xamã ancestral, parte engenharia moderna, cujos olhos pareciam enxergar através do tempo e espaço. Ele o ajudara? Sim. Consertara seu corpo biônico na Colônia das Sombras? Também. Usara-o para arrancar Kahrienna da cela de Donaldo? Sem dúvida.
Mas tudo tinha o sabor de um jogo de xadrez.
Conveniência estratégica...
E Tupã?
Apenas mais um peão.
Agora, Mapache partira, deixando Kahrienna sob seu cuidado com a desculpa de "negociar" com Kaoru — aquela jovem raposa dos olhos afiados. Enquanto isso, o tempo escorria entre seus dedos como areia negra.
O Vale Negro o chamava.
O altar precisava ser destruído.
Yara precisava ser salva.
Mas as palavras do Anarok ecoavam em seu crânio como um lento veneno:
"Ela está sob os cuidados do mestre Naaldlooyee. Recebendo um tratamento... especial, a safada."
"Nosso mestre já sondou cada centímetro do corpo dela."
Tupã cerrou os punhos, as juntas metálicas rangendo.
Er