SAMANTHA VASCONCELOSNão tive muito tempo para ficar sozinha com meus pensamentos nessas últimas semanas, o que acabou me esgotando um pouco.Estou acostumada a ter um espaço e tempo pra mim.Então fiquei muito aliviada quando Ian me deixou em casa e foi ao clube se encontrar com os amigos. Um clube para homens – disse ele.Que fosse misto, eu não ia querer ir.Estou cansada da viagem, e do turbilhão que foram esses dias. Fingi maturidade em relação a Carter, mas eu queria sim, que Ian a demitisse.Na verdade, eu queria atirar meu sapato naquela cara de entojada dela.Não, eu queria jogar qualquer coisa em sua direção.Para distrair minha cabeça, mandei mensagem para Luna perguntando sobre o trabalho e mencionei o ocorrido, só para ver o que ela tem a dizer.Enquanto sua resposta não vem, ligo pra minha mãe.Conto sobre minha chegada e como estou bem instalada. Filmo um pouco da casa para ela ver e sua expressão é de êxtase total.Conto sobre a empresa, como Ian é conhecido por aqui e
SAMANTHA VASCONCELOS Obviamente perdemos a hora. Me troco rapidamente e vamos para a casa dos pais de Ian, e não sei o que esperar. Visto um short alfaiataria de cintura alta, uma regata branca e um blazer, nos pés, uma bota cano alto preta de couro. E estou levando um sobretudo preto. As casas tem aquecedores, mas vai que chove ou faz frio. Precaução é tudo. Falando nisso, preciso urgentemente ir em alguma loja refazer meu guarda-roupa. Mesmo tendo trago minhas melhores roupas, aqui faz mais frio e a moda é bem diferente. Mas eu gosto do que vejo. Outra coisa que preciso providenciar é um lugar para ficar. Não posso morar com Ian e fazer isso dar certo. Quer dizer, agora está tudo bem, mas e se rolar alguma discussão? Vou sempre estar na casa dele. Na empresa dele. Meu deus, é tudo dele. Até eu sou dele, hehe. Mas afinal, somos apenas namorados, e não quero atropelar nenhuma etapa. Também preciso do meu próprio espaço. Por Deus, faz dias que não uso o banheiro direito.
SAMANTHA VASCONCELOSResolvo aproveitar a oportunidade de estarmos sozinhas para expor uma de minhas inseguranças:— Posso perguntar uma coisa?— Claro que sim.— Ainda não consigo parar de questionar o que Ian viu em mim – sorrio, mas deve parecer uma careta, estou expondo minha maior insegurança no momento. – Estou totalmente sem graça e sei que devo parecer uma boba, mas...— Ora, não parece uma boba coisa nenhuma! É normal existir inseguranças em um relacionamento. E é por isso que devemos falar sobre elas.Sua expressão é uma mistura de interesse e entendimento de quem já esteve no mesmo lugar. Faço que sim para ela. — Minha querida, posso te dizer a verdade? – pede.E é nesse momento que meu estomago embrulha.— Que fique entre nós ok?Faço que sim. De repente incapaz de falar e muito, muito ansiosa.— Ian e o pai, são muito ocupados, e sempre separaram tempo para conciliar vida pessoal e trabalho, como sabe, não trabalham demais. E vivem se comunicando um com o outro. Houve um
SAMANTHA VASCONCELOSNo dia seguinte, ao chegar no escritório, Carter – olhando diretamente para Ian, murmura um bom dia superanimado.Ian apenas acena com a cabeça, totalmente alheio a ela. Mas eu respondo:— Bom dia, Carter.A moça me fulmina com o olhar.E sinto uma leve satisfação.Ian me guia até uma porta que fica ao lado da sua sala.— Tenho uma surpresa pra você – diz. — Abra.E é o que faço. Entro em um ambiente notoriamente feminino. A sala é quase do mesmo tamanho que a de Ian.Foco na parede de vidro que pega o espaço de fora a fora e o divã voltado a ela.Entro no espaço e fico impressionada.É lindo e muito bem decorado.Muito mais do que imaginei que mereceria ou alcançaria.Muito mais, mesmo.— Nossa amor, eu...Olho pra ele e tudo que encontro é ansiedade em seu olhar.— Eu amei – digo com firmeza, e o envolvo num abraço.Eu amei mesmo.Achei a sala a minha cara!— Que bom que você gostou. É pra você mesmo.— Obrigada, obrigada, obrigada – murmuro contra seu pescoço.
SAMANTHA VASCONCELOSDesde que chegamos em Edimburgo, só temos conversado em inglês, e estou achando isso muito legal. Não estou me embolando como imaginei que estaria.— Amor? – chama Ian.Ele aparece na porta do “meu” quarto. Estou olhando minhas roupas e vendo o que vou usar hoje.— Hm?— Quer ir na academia? Vou comer agora para ir.— Nossa, sim. Preciso de uma atividade física urgentemente.Ele sorri com malícia.— Você pratica atividades físicas duas vezes por dia, Samantha.Jogo o meu vestido nele, e não consigo segurar o riso.Ian raramente faz gracinha.Eu gosto mais dessa versão.E fico muito, muito admirada.— Ai, ai, ai, que gracinha em.Ele vem em minha direção e me abraça. — Vamos comer então – morde minha orelha.— Taaaaa – a palavrinha sai arrastada.Meia hora depois, descemos para comer.Ainda bem que eu já estava fuçando nas minhas coisas, então não foi difícil encontrar meu tênis e um conjuntinho de treino.Descemos para a academia, que fica no subsolo do prédio.
SAMANTHA VASCONSELOS Ao vê-los, minha confiança evapora e sou tomada por um súbito nervosismo. Ian, de alguma maneira, percebe. Ele para e me envolve em seus braços. — Calma amor, é você quem tem que gostar deles e não vice e versa. Não é bem assim. Mas tudo bem. Faço que sim e vamos até eles. O primeiro é alto. Tem olhos azuis e cabelo preto. Nariz reto. Um cara normal, quase sem graça à primeira vista. Que Ian apresenta como Louis. O homem abre um sorriso caloroso e diz: — Na verdade, eu sou o melhor amigo – ele se aproxima como se fosse me contar um segredo. – Mas não conta pros outros. Ok, ele parece ser legal. Abro um sorriso e respondo, também em tom de cumplicidade: — Seu segredo está guardado comigo. — Louis cara, por que você já quer monopolizar a garota? Nós queremos conhecer ela também! — Ah cara, da um tempo! O que eu vou fazer se sou o mais legal daqui? – replica ele, e dá um gole em sua bebida. Os olhos desse que se aproxima são muito expressivos e divertid
SAMANTHA VASCONCELOSPerto das dez começo a me arrumar.Quero estar impecável hoje. Estou mais nervosa para conhecer esses amigos do que estava para conhecer Antony e Charlotte.Saio do banho e começo a escovar meu cabelo.— E se seus amigos não gostarem de mim? – pergunto para ele assim que aparece no banheiro.— Eles vão te amar, e logo serão nossos amigos. — E se não amarem?— Não tem como não gostar de você pessoa. — E se não amarem? – pergunto novamente. — Aí não serão mais meus amigos.Que.Reposta.Genérica.Dou uma leve ondulada no cabelo e coloco um bob na franja. Me maquio e faço um foxy eye, passo batom nude, cor de boca, e fico satisfeita com o resultado.Vou para o outro quarto me vestir, é como se tivesse se tornado meu closet.Ian bate na porta do quarto exatamente no momento que preciso que feche meu vestido.— Amor? — Oi? Vem aqui fechar meu vestido, por favor?Ele entra e me olha de cima a baixo.— Uau! – diz. Dou uma voltinha.— Gata demais. Eu comprei um pres
SAMANTHA VASCONSELOSViro o restante do meu copo de gin e sinto seu efeito.Olho em volta, todos estão envolvidos em conversas, e eu sinceramente, não quero me enturmar.Quero minhas amigas.Luna, Nat...Sinto falta da minha casa e de estar em minha zona de conforto.Sei exatamente o que pode me ajudar. Saio do camarote e vou pra pista de dança.Me deixo envolver pela batida. Me enfio no meio daquela galera desconhecida e me solto. Esvazio a mente e curto uma vibe por alguns minutos, até que alguém cutuca minhas costelas.Abro os olhos e uma moça muito linda está à minha frente.Seu rosto é familiar, e não faço ideia do porquê.— Oi? – berro pra ela.— Oi! Você é muito linda sabia?— Obrigada! Você também! – devolvo o elogio.E é mesmo. A moça começa a se aproximar de mim e percebendo sua intenção, a afasto pelos ombros.— Desculpa, mas eu tenho namorado! – digo rindo.— É claro que tem – ela revira os olhos.— É verdade!Ela parece ainda mais desconfiada.— E cadê ele, então?Dou de