SAMANTHA VANCONCELOS
Depois do enterro, quando chegamos em casa, estou tomada pelo cansaço. Tomo um banho quente e Dom está providenciando algo para comermos.
Fico esparramada no sofá. Não há mais lágrimas para chorar. Nós jantamos em silêncio, e caímos na cama. Ainda é cedo, são dezoito horas. E dormimos até às dez do outro dia.
Muito cansaço.
Muito esgotamento.
A energia de morte parece recair sobre todos nós. Aproveito para ligar pros meus pais, dando graças a deus por ouvir a voz dos dois e saber que estão vivos e bem.
Não damos o devido valor as coisas que são extremamente importantes para nossa vida, só porque achamos que certas coisas não vão acontecer com a gente.
Mas acontece.
Acidentes acontecem.
A morte acontece.
De tarde, recebo um telefonema incomum para o dia de hoje:
— Oi, Louis — atendo.
— Samantha, tudo bem?
— Estou bem. E a Laura?
— Estamos aqui na mansão com Charlotte. Ela está trancada no quarto chorando... — ele faz uma pausa. — Alto.
— Ela está aos berros!