Caelum se afastou de mim a contragosto, seu olhar ainda carregado de fúria contida. Eu sabia que ele queria ficar ao meu lado, mas também compreendia que havia algo maior em jogo. Ele precisava proteger o clã. Enquanto ele saía do quarto, um de seus guerreiros já o esperava do lado de fora. Era Elias, seu Beta e braço direito, um dos poucos em quem Caelum confiava sem hesitação. — Quero um relatório detalhado de todos os postos de vigilância. Se encontrarmos qualquer sinal de como ele entrou, vamos reforçar a segurança. — Caelum ordenou, sua voz fria como aço. Elias assentiu, os olhos atentos. — Já aumentamos a patrulha nos portões principais, mas se ele entrou sem ser notado, pode haver um caminho que não conhecemos. Vamos vasculhar todo o perímetro. Caelum passou uma mão pelos cabelos, frustrado. — Ele não pode ter feito isso sozinho. Alguém do lado de dentro pode ter ajudado. O olhar de Elias endureceu. — Você acha que temos um traidor? Caelum não respondeu ime
Caelum ficou parado por um longo momento, sua presença dominante preenchendo todo o quarto. Ele respirou fundo, cerrando o maxilar com força, como se lutasse contra algo dentro de si. Eu o observava com o coração acelerado, o calor dentro de mim se tornando insuportável. Cada fibra do meu ser clamava por ele, mas ao mesmo tempo, eu lutava contra o instinto. — Você deveria sair — minha voz saiu fraca, trêmula. Os olhos dourados de Caelum se estreitaram levemente. — E deixar você sozinha nesse estado? — Ele balançou a cabeça, os músculos de seu pescoço se retesando. — Nem pensar. Eu engoli em seco. — Eu posso lidar com isso. Ele soltou um riso baixo, sem humor. — Seu cheiro diz o contrário. Meu rosto queimou de vergonha. Eu sabia que ele podia sentir, sabia que cada lobo no clã perceberia, mas ter Caelum me encarando daquele jeito só tornava tudo mais difícil. Freiren se agitava dentro de mim, impaciente, rosnando baixinho em minha mente. "Ele é nosso." Eu aperte
O cheiro metálico do sangue ainda impregnava meus dedos. Mesmo depois de limpá-los na borda da minha capa escura, eu ainda podia senti-lo ali. Um lembrete de que, apesar do tempo que passou, eu ainda era apenas uma sombra à espreita. Eu montei meu cavalo e cavalguei sem pressa através da floresta, ouvindo apenas o som ritmado dos cascos contra a terra úmida. A lua cheia pendia no céu como um olho atento, observando minha jornada até o local onde o feiticeiro me esperava. Eu sabia que ele não gostava de ser feito de tolo. Que esperava resultados. E eu finalmente os tinha. Quando alcancei a clareira, o ar pareceu se tornar mais denso, carregado com uma energia obscura que fazia os pelos da minha nuca se arrepiarem. A fogueira crepitava no centro, as chamas dançando de uma maneira antinatural, tingidas de um roxo sombrio. Ele já estava ali, envolto em seu manto negro, o capuz escondendo grande parte de seu rosto. — Demorou mais do que deveria — sua voz cortou o silêncio,
A noite estava densa, pesada com a energia escura que se agitava ao redor da clareira. O feiticeiro se colocou no centro de um círculo de símbolos ancestrais, desenhados com cinzas e sangue seco. Seu corpo vibrava com a energia recém-adquirida, e seus olhos ardiam com um brilho púrpura intenso. Ele respirou fundo, sentindo a força da magia pulsar dentro de si, e ergueu as mãos para o céu. — Chegou a hora… — sussurrou, um sorriso distorcido se formando em seus lábios. O vento se agitou de repente, girando em redemoinho ao redor do círculo. As árvores rangiam, como se a própria floresta rejeitasse a presença daquele poder profano. O feiticeiro começou a entoar palavras em uma língua antiga, uma língua esquecida pelo tempo, que fazia o solo sob seus pés estremecer. A fogueira diante dele explodiu em chamas negras, e do centro da luz escura, três formas começaram a se erguer. Criaturas Ancestrais. Forças esquecidas da era primordial, seladas pelo tempo e pelo medo daqu
A terra tremeu sob meus pés quando o primeiro rugido cortou a noite. O som era gutural, grotesco, como se algo muito antigo e faminto tivesse acabado de despertar. Meu corpo inteiro ficou tenso quando vi a sombra enorme avançando pela floresta, os galhos se partindo sob seu peso. O brilho fraco da lua revelou algo monstruoso—uma criatura de ossos expostos, pele negra e áspera como pedra vulcânica, olhos brilhando como fogo azul. Eu já tinha visto esse monstro antes. A última vez que ele apareceu, meus pais morreram. "Izzy!" Freiren rugiu dentro de mim, sua voz repleta de urgência. "Não congele! Se mova!" O grito dela me arrancou da paralisia. Corri. Saltei para a frente, desviando por instinto quando a criatura avançou com suas garras afiadas. Ela era rápida, muito mais do que seu tamanho sugeria. O vento assobiou ao meu lado quando suas garras passaram a centímetros de onde eu estava um segundo antes. Rolei para o lado, aterrissando sobre os pés com um impulso ágil. O
A luta estava se intensificando. As criaturas estavam se tornando cada vez mais agressivas, e a pressão estava começando a pesar. A cada movimento, a adrenalina disparava, e a batalha parecia um turbilhão sem fim. Eu estava ciente de cada corte, cada ferida, mas nada poderia me deter enquanto minha mente estava focada no único objetivo: derrubar aquela besta e proteger o Clã. Freiren rugia dentro de mim, pronta para atacar, pronta para matar. A criatura diante de mim, com a runa brilhando em seu flanco, recuava com mais frequência, mas nunca o suficiente para me dar uma oportunidade clara de atacar. Suas garras estavam mais afiadas, e sua força mais mortal. O confronto estava se arrastando, mas eu sabia que, se não aproveitássemos aquela chance logo, seria tarde demais. O som das garras arranhando o solo misturava-se com os rugidos das outras criaturas que atacavam os guerreiros do Clã. Mas então, algo mudou no cenário. Lá, de fora do campo de batalha, uma nova onda de lobos sur
A mulher com o diadema dourado se aproximou com passos firmes, mas lentos, como se cada movimento fosse calculado, como se ela estivesse pesando cada palavra e cada gesto. Sua presença, que antes parecia distante e intocável, agora estava mais próxima, e algo em mim se inquietou ainda mais. Ela era como a própria essência da lua: fria, distante, mas ao mesmo tempo, carregada de uma força inabalável.Quando ela finalmente chegou perto o suficiente, seus olhos se fixaram nos meus com uma intensidade quase palpável. A energia ao redor dela parecia pulsar, uma força que eu mal conseguia entender, mas sabia que não poderia ignorar. Seus cabelos brancos, como uma neblina suave, caíam sobre seus ombros e a lua refletia em seus fios, tornando-a quase etérea. Mas não era apenas sua aparência que me chamava a atenção. Era a maneira como ela parecia... integrada ao ambiente ao seu redor. Cada passo que dava era como se estivesse em sintonia com a terra e o vento.Ela estendeu uma mão delicada pa
Caelum se aproximou de nós com passos firmes, a postura imponente de um rei que sabia exatamente como lidar com qualquer situação. Seus olhos estavam fixos em Lis e nos lobos que a acompanhavam, avaliando-os, mas também deixando claro que não estava nem um pouco incomodado com a presença deles.Ele sempre soubera como manter a autoridade, como proteger o seu território sem demonstrar fraqueza. E ali, diante de mim, o vi mais uma vez, assumindo seu papel com a mesma confiança que o fizera ser o líder do Clã Eclipse.— Bem-vindos ao nosso clã — disse ele, sua voz grave, mas convidativa. — Vejo que lutaram ao nosso lado e por isso, merecem nossa hospitalidade. Vamos fazer com que cuidem de seus feridos. Podemos acomodá-los por uma noite. A segurança de todos é nossa prioridade.Lis o observou em silêncio, sua expressão impassível, enquanto seus lobos pareciam relaxar à medida que a tensão na atmosfera começava a diminuir. A ideia de se refugiar no Clã Eclipse parecia ser um alívio para t