Misterioso - Encontrando o Amor
Misterioso - Encontrando o Amor
Por: Bia Almeida
Capítulo 1

Valeska Suhai

Adentro as portas da Parker, a empresa onde trabalho, com o ânimo renovado, hoje é sexta-feira o último dia da semana, isso quer dizer que amanhã não preciso acordar cedo, Deus sabe o quanto adoro dormir.

— Bom dia, bom dia!

— Valeska que animação toda é essa? Parece até que viu passarinho verde.

— Amanhã é sábado Catarine, portanto, folga, dois dias de descanso merecido, a semana se arrastou trabalhei muito, não parei um minuto se quer. Não vejo a hora do expediente terminar.

— Calma aí mocinha, ainda nem começou e já quer que termine? Brincadeiras à parte, essa semana para mim, também foi complicada, muita documentação para analisar. Que tal sairmos hoje para relaxar, podemos ir a um barzinho?

— Barzinho estou dentro.

— Dê o fora Felipe ninguém te convidou.

— A tadinho Cat.

— Hum! Magoou, Lipe faz beicinho.

— Deixa de ser intrometido Lipe, essa conversa é de meninas.

Felipe que chamamos carinhosamente de Lipe olha para Catarine, nossa Cat, indignado, já que interiormente se considera uma mulher. Aparentemente ele não tem nada, que remeta ao universo feminino, nem mesmo a forma de vestir. O que entrega não gostar de mulher é seu modo de falar e seus trejeitos, esses que ele apenas expõe em momentos de confraternização e entre amigos. Como ele mesmo diz, “não preciso me transformar em uma mulher só porque gosto de homens, não preciso mudar fisicamente por causa do meu gosto sexual”. Concordo com ele e não sou contra quem tem opinião diferente, só não entendo porque dele se sentir ofendido porque não foi incluído em nossa noitada de meninas, vai entender?

— Julgo ser melhor irmos à uma boate mais tarde.

— Boa ideia Cat, assim podemos ir para casa, descansar um pouco, nos arrumar com calma. Melhor do que sair direto do trabalho. Raquel comenta.

— Meninas tenho uma sugestão ainda melhor. Hoje vai ser inaugurado um clube para mulheres na Barra, tenho um amigo que irá trabalhar lá, ele me deu alguns convites, tinha até esquecido, já fazem duas semanas. A noite de hoje é só para convidados, nem sei como ele conseguiu, tenho quatro convites, se vocês toparem ver homens gostosos e sarados, essa será a boa para hoje.

— Nossa Pri, nessa fiquei de fora, mesmo minha mente e minha alma sendo praticamente de uma mulher, sou impedido de assistir a um espetáculo desses.

— Ah! Lipe, amanhã saímos com você, prometo.

Priscila que apelidamos de Pri, faz promessa ao Lipe, algo que sabemos muito bem que temos que cumprir, senão a casa caí. Rio lembrando da vez em que Raquel e Catarine não foram a um show que havíamos combinado com ele, Lipe fez um verdadeiro show com elas e ficou uma semana sem dirigir uma só palavra, até o próximo fim de semana em que a Pri nos levou para uma casa de praia espetacular de um dos amigos dela.

— Sinceramente, prefiro ficar em casa.

— Nada disso Val, você nunca quer sair, no máximo vai em uma festinha de aniversário. Chega de ficar em casa, você tem 22 anos parece que tem 60, deixa de besteira, mas tarde passamos na sua casa para te buscar.

Não sei se notaram, Val, sou eu Valeska, em nosso grupo de amigos temos preguiça de falar o nome inteiro das pessoas, a única que não tem apelido é a Raquel, a chamaríamos de que, Ra? Fala sério! Brincadeiras à parte, é uma forma carinhosa que fomos adquirindo com o passar dos anos, conforme nossa amizade foi fortalecendo.

— Não precisa Cat ir à minha casa, posso ir de BRT, me passa o endereço que encontro vocês lá.

— Nada feito, te conheço muito bem, se nós não formos te buscar você não vai.

— Está bom, dona Catarine você venceu. Cat bateu palminhas, igual criança com sua vitória, ela sempre faz isso quando consegue o que quer. — Chega de assunto, a hora do café já acabou, cada um para seu setor é hora de trabalhar.

— Sim senhora dona responsável, Raquel debocha. Realmente sou a mais responsável, tem horas que eles esquecem da vida fofocando.

Meu nome é Valeska Suhai, tenho vinte e dois anos e moro sozinha em uma quitinete no Recreio. Meus pais faleceram quando eu tinha 17 anos em um acidente. Eles estavam em um ônibus que vinha de São Paulo, para onde viajavam quinzenalmente para comprar roupas, trabalhavam com revenda. Fiquei sozinha, nossa família se resumia a nós três. Os

vizinhos ajudaram com o velório e me deram suporte durante um mês com alimentação. Vendi todas a mercadorias que ainda tinha em casa, recebi pagamento de algumas pessoas que compravam com meus pais para pagar depois, juntei o dinheiro e aluguei a quitinete que moro hoje, pois a casa que morávamos tive que entregar, era alugada e não teria como a manter.

Fiquei com poucas coisas por não caber na quitinete, vendi o restante dos móveis e depositei o dinheiro na caderneta para poder custear meu transporte para faculdade até conseguir um emprego. Não pretendia abrir mão de me formar, pois estudei muito para conseguir uma vaga na UFRJ.

Passei muita dificuldade, às vezes não tinha o que comer, fora o sofrimento de perder meus pais e ter que ser adulta com responsabilidades de uma hora para outra. Como solução imediata para obter uma renda, trabalhei como faxineira, com o dinheiro da minha primeira faxina, comprei material para fazer brownie, os levei para vender na faculdade, precisava ao menos pagar o aluguel, a água e a luz. Nem sempre conseguia casas para limpar, o que me fazia aumentar a quantidade de brownie e oferecer cada vez a mais pessoas. Quando vendia mais um pouco comprava comida para uma semana, quando não dava comprava pão, macarrão instantâneo, dava meu jeito.

No primeiro dia na faculdade conheci Catarine, Raquel e Priscila, somos amigas completamente diferentes umas das outras. Eu sou a mais tranquila e a romântica do grupo, acredito que tem alguém para mim. Não sou namoradeira, aliás, tenho tantos problemas que nem tenho tempo para isso, as meninas pegam muito no meu pé, vivem me apresentando rapazes.

Catarina é a doidinha do grupo, para ela a vida é uma eterna festa, é muito divertida, consumista e não pode ver um belo rapaz.

Cat vive com seus pais, eles têm uma cadeia de restaurantes muito bem requisitado. Para conseguir um jantar, somente mediante a uma prévia reserva. Seus restaurantes são muito bem frequentados, seus clientes são artistas, empresários, pessoas da alta sociedade. O salário que a Catarine ganha na Parker usa para suas futilidades, seus pais a dão de tudo.

Raquel é muito inteligente e amiga para toda hora, seu hobby é colecionar paixões, toda semana está apaixonada por um, cara diferente, chega a ser engraçado. Ela adora dá uma de detetive, sempre tem alguma teoria por algum assunto. Vive com sua mãe, seus pais são divorciados e mesmo sendo adulta recebe uma pensão do seu pai que tem uma boa condição financeira.

Por fim, Priscila. Ela é muito extrovertida e gentil, sua família tem uma rede imobiliária que é gerenciada por seu irmão Arthur que tem trinta anos. Pri preferiu arrumar um estágio por conta própria do que trabalhar na empresa da família. Ela é uma pessoa muito bem relacionada, conhece muita gente, a maioria dos lugares que conheci foi através de seus contatos. Sempre tem um amigo, um conhecido que lhe conseguem ingressos para boates, show e até mesmo viagens. Uma vez fomos para uma mansão em Angra dos Reis, de um dos seus amigos. A Pri é dessas.

Trabalhamos na Parker Tecnologia, uma das maiores empresas do Brasil e exterior. Tivemos muita sorte de conseguir esse estágio, já faz um ano que trabalhamos na Parker e em breve seremos efetivadas. Eu me formei na área de informática, para mim, esse emprego é ótimo por ser na minha área, estou fazendo o que gosto. Catarine trabalha nos recursos humanos, Priscila e Raquel trabalham na contabilidade.

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Antes de sair da empresa declarei que não iria sair hoje, minha vontade como sempre é zero. Sou uma pessoa que gosta de ficar no seu cantinho, assistir um filme, qualquer coisa na tv. Conhecendo bem minhas amigas, principalmente a Catarine, em breve estarão em minha porta, e mais uma vez serei obrigada a sair, por isso tomei banho e vesti uma roupa qualquer. Amo essas meninas, estar com elas, não é nenhum sacrifício, o problema é que elas adoram lugares tumultuados, com um mar de gente.

— Já vou, já vou, não precisa derrubar a porta. Não disse?

— Pensamos que estava dormindo. Vamos! Cat diz passando por mim, com seu jeito espevitado.

Dentro de casa, Priscila me examina, enquanto Catarine fica tagarelando. “Sabia que você não iria sozinha”, essas coisas.

— Esperem um pouco. Val você não vai sair assim sem nenhuma maquiagem?

— Nossa estava nenhum pouco, empolgada, por mim, ficava em casa. Catarine se adianta e diz o que eu provavelmente diria, só que com deboche, sua expressão é de reprovação.

— Apesar do deboche, Catarine tem razão.

— A Val pare com isso, preferi ficar em casa do que sair com suas amigas e vislumbrar vários corpos sarados, acabei achando graça e rindo com elas. Cat me pega pelo braço, me direciona até uma cadeira que tenho em meu pequeno cômodo, me sento, Raquel a entrega minha maquiagem e Cat começa os trabalhos, enquanto Priscila solta meu cabelo resmungando por estar preso em um coque mal feito, enquanto isso Raquel continua a falar dos gostosões do clube.

— Agora sim! Val, você está linda. A noite é nossa e dos gostosões. É hoje que me apaixono, começamos a rir porquê do jeito que a Raquel se apaixona fácil é bem provável que isso aconteça.

Estou vestindo uma calça preta justa que modela meu corpo e uma blusa de seda amarela. Priscila nos recomendou irmos de calça já imaginando subir no palco, Cat e Raquel é claro adoraram a ideia. Fomos no Fluence da Catarine, sempre ela que nos leva por ser a única que não bebe.  Raquel e Pri também têm carro, mas bebem todas, álcool e direção não combinam.

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