Sou um homem de família.
Eu estava sonhando. Estava com Helena em frente à mesma cachoeira para onde a levei antes da coroação — o mesmo lugar onde tudo desabou, onde ela foi sequestrada. O som da água era intenso, e o vento fazia os fios do cabelo dela dançarem no ar. Helena sorria, com aquele olhar sereno que sempre me desarma, e eu sentia uma paz que há muito tempo não experimentava. Mas, de repente, o sonho começou a se distorcer.
Do meio da névoa formada pela queda d’água, uma figura se aproximava — o avô dela. Ele vinha com o semblante carregado, os olhos cheios de ódio. Antes que eu pudesse reagir, ele a puxou dos meus braços. Eu tentei levantar, mas era como se o chão me prendesse. O corpo não obedecia. Ele colocou os braços ao redor do pescoço dela e... o som que ecoou me fez estremecer. Senti o desespero rasgar meu peito, e a única coisa que consegui fazer foi gritar o nome dela — “Helena!”
Foi nesse instante que percebi estar sonhando.
Acordei de súbito, o coração disparado, o corpo coberto de su