Ela é um monstro.
Agarrei-a pelo pescoço. Ela se debateu, unhas cavando o meu braço até deixar carne viva, e mesmo assim senti o braço estranho, dor sombria que parecia não chegar direito — como se algo em mim tivesse sido anestesiado. Talvez fosse o ódio a me embotar. Só de pensar que ela poderia ter partido meu filho sem hesitar, caso não fosse pelo feitiço da minha tia, senti um nó no estômago. Como alguém pode ser tão cruel a ponto de arrancar a vida de uma criança diante dos olhos da mãe?
 Nos reunimos dias antes e traçamos o ataque com calma cirúrgica. Ninguém tocaria nas crianças; isso era regra inegociável. Foi então que minha tia falou do feitiço que a mãe dela usara para enganar o avô — um artifício antigo, sussurrado entre as mulheres da nossa linhagem. Para fazer funcionar, precisava-se de um fio de cabelo do meu filho, um pouco de sangue e um boneco em tamanho real. Conseguiu-se tudo com astúcia e medida: o ritual, a cópia, o ensaio. Iris passou horas moldando o boneco e aperfeiçoando a ilu