Sergio Almeida
Quando conheci a mãe da Lorena, achei que a vida tinha me dado sorte.
Ela era tudo o que eu não sabia que precisava — leve, bonita, gostava de dançar até cansar. Nos entendíamos sem esforço; havia risos, noites longas, o tipo de intimidade que a gente acha que dura para sempre. Até ela engravidar.
Eu nunca quis ser pai. Sempre gostei da liberdade que tínhamos só nós dois. Pedi que ela abortasse — pedi mesmo — e ela se negou. Foi aí que as fissuras começaram. Aos poucos, aquela cumplicidade foi se esvaindo. O que antes nos unia passou a nos afastar.
Quando a menina nasceu, tudo mudou de vez. Ela só tinha olhos para a filha. O choro, os cuidados, as noites sem dormir… eu não suportei. Não sei explicar direito; era como se o que eu sentia por ela tivesse morrido junto com a nossa liberdade. As discussões se tornaram rotina. Eu não queria deixá-la, não naquele momento — não havia coragem nem motivo que me permitissem abrir mão do que já tinha.
Descobri a conta no banco, as