Ângela suspirou e abriu os olhos.
O quarto estava completamente escuro, suas mãos vagaram pela cama em busca do celular.
Seus dedos acharam o criado-mudo e ela começou a procurar o celular, até que esbarrou em algo.
Um som alto de vidro se quebrando preencheu o quarto, gotas de suco de laranja espirraram ao redor dela.
— Merda!
As luzes do quarto se acenderam.
Heitor estava parado na porta, sua expressão estava estranha.
— Heitor? Que horas são?
— Ângela, quem é esse homem? — ele arremessou um pacote sobre ela.
Os olhos de Heitor estavam vidrados. Seus cabelos estavam bagunçados e seus olhos cinza vermelhos.
Quando Ângela abriu o pacote, viu fotos horríveis de si mesma deitada na cama com um homem nu ao seu lado.
Ela olhou cada uma das fotos enquanto seu coração batia cada vez mais forte.
— O que? Como... eu...
— Você não vale nada. Uma hipócrita. — Heitor rugiu.
Seu rosto estava vermelho e ele estava segurando uma garrafa de uísque.
— Essas fotos são falsas, eu não trai você.— disse e se levantou da cama.
Assim que seus pés tocaram o chão, ela pisou em um pedaço de vidro e gritou.
Heitor largou a garrafa de bebida e cruzou o quarto em segundos, a levantando do chão.
Ela se segurou nele enquanto gritava de dor com o vidro em seu pé, seus braços fortes a envolveram em um abraço e a colocaram de volta na cama.
O sangue pingava de seu pé.
— Heitor... precisa acreditar em mim, eu não o trai.
— Não. Você se vingou de mim. — Ele disse sem olhar em seus olhos. — Fique na cama, Ângela.
O homem se levantou e antes que ele se afastasse, Ângela o segurou pelo pulso.
— Eu não fiz isso. Nunca estive com outro homem! Quem entregou essas fotos?
Heitor puxou sua mão da dela e a olhou.
Seu olhar era frio e distante.
— Se não estivesse grávida de mim agora mesmo, eu iria me divorciar de você.
Suas palavras a cortaram profundamente.
Seu marido se afastou e Ângela permaneceu na cama, sua ferida sangrando. Mas não doía como seu coração.
Olhou novamente para as fotos.
Quem diabos era aquele homem e porque ela dormia tão profundamente ao lado dele?
. . .
— Precisa repousar agora Sra. Torres. Pelo bem do seu bebê. — recomendo o doutor Emanuel após fazer o curativo em seu pé.
Heitor estava parado na porta, seus cabelos ainda bagunçados, sua camisa desalinhada.
— O bebê está? — ele perguntou ao médico.
— Sim, está.
Sem dizer uma palavra, Ângela o observou se afastar.
O médico o seguiu.
Ela olhou para o seu pé e as lembranças das fotos vieram em sua mente.
Quem havia feito aquilo com ela? Quem envenenou ele contra mim?
— Ângela? Deus, Heitor me contou que você se machucou. Eu estava em um encontro e vim correndo.— sua prima apareceu na porta.
Ana Clara entrou e se sentou ao seu lado.
— Ah, você não tem ideia do que aconteceu. — disse e em seguida contou tudo.
Ana Clara olhou para as fotos com expressão incrédula.
— Você não se lembra de nada disso? Mas é você na foto. Está abraçada com um homem nu. — Ana Clara disse e a olhou.
— Eu não sei como e nem quem tirou essas fotos, mas elas foram tiradas aqui nesse quarto. E eu não trai meu marido, mas agora ele acha que sim e me odeia! — lamentou.
Ângela sentia um nó se formando em sua garganta. Seu coração começou a bater mais rápido e as lágrimas desceram de forma inconveniente.
— Ah prima, espere aqui. Farei um chá para você, precisa se acalmar pelo seu bebê. — anunciou e saiu do quarto.
Ângela se recostou nos travesseiros e deixou que as lágrimas descessem.
Olhou para a aliança em seu dedo e os olhos de Heitor vieram a sua mente.
Eu era uma esposa infiel para ele agora.
Alguns minutos depois, Ana Clara entrou no quarto segurando uma bandeja com o chá quente.
Ângela limpou as lágrimas e no minuto que sua prima se sentou ao seu lado, ela tocou em sua mão.
— Tudo vai ficar bem, Ângela. Vocês vão se entender, agora beba o chá. — disse e ofereceu o chá para ela.
Ângela respirou fundo e sentiu o aroma de camomila.
Olhou para a pequena xícara e bebeu devagar.
Quando terminou, olhou para Ana Clara que a observava atenta.
— Melhor você dormir agora. — Ana Clara disse e se levantou.
Ângela se cobriu e fechou os olhos, tentando adormecer, mas seus pensamentos giravam em torno de Heitor e daquela farsa.
Por que estavam fazendo aquilo com ela?
Ficou horas olhando para o teto branco pensando em Heitor e como ele a amava no início.
Como isso se perdeu? Se perguntou.
De repente sentiu uma forte pontada na barriga, ao ponto de deixá-la sem ar.
— Meu Deus! — gemeu de dor e se sentou cama sentindo algo úmido entre suas pernas.
Ângela afastou os lençóis e gritou ao ver todo o sangue.
Alguns segundos depois, a porta do quarto se abriu e Heitor entrou agitado segurando uma bebida.
— O que? O que? — ele gritou e seu olhar se prendeu no sangue entre suas pernas.
Ângela tremia e gritava.
— Meu bebê! Não...meu bebê!
Heitor caiu de joelhos.
— Maldita seja você...eu quero o divórcio.