Na manhã seguinte, o sol invadiu o apartamento com a cara lavada de Paris.
Sophia, que tinha prometido dormir até o meio-dia, já estava de pé — enrolada num robe listrado, com duas canecas de café e os olhos brilhando de quem sabia que a história estava mudando diante delas.
— Olha isso.
— O quê?
— Télérama, Le Monde, Libération...
Você tá em tudo quanto é canto, Allegra.
Quer que eu leia ou você quer um mini infarto primeiro?
Allegra se sentou no sofá com Louis no colo, o coração acelerado.
— Vai. Me destrói devagar.
Sophia abriu o jornal dobrado com delicadeza, como se fosse um mapa de tesouro.
— “Na exposição ‘Depois do Silêncio’, Allegra Bianchi nos oferece um mergulho poético e brutal nas camadas do trauma e da reconstrução.
Seus quadros não apenas pintam — eles desnudam.
Eles não gritam — eles sussurram, e é justamente aí que se tornam inesquecíveis.”
— Ai meu Deus…
— Calma que tem mais.
“Ela é a artista da escuta.
A mulher que se silenciou para sobreviver e, agora, devolve ao m