O dia amanheceu devagar, com uma brisa salgada entrando pela janela do hotel e o som distante das ondas quebrando contra o cais.
Allegra acordou com o cheiro de café fresco e a luz da manhã desenhando linhas douradas nas cortinas.
Lucca estava sentado na poltrona ao lado da cama, lendo algo no celular, ainda de meias e com o cabelo bagunçado. Quando percebeu que ela o observava, sorriu devagar.
— Bom dia, Allegra Bianchi. Nova voz da arte contemporânea.
Ela riu, ainda rouca.
— Bom dia, Lucca Moreau. O homem que diz “bom dia” como se tivesse acabado de compor uma sinfonia.
Ele se levantou, levou a caneca até ela e se sentou ao lado.
— Hoje é sua entrevista com Arte & Movimento. Tá nervosa?
— Um pouco. E se eu gaguejar? E se não souber responder?
— Então você respira. Diz que não sabe. Ou desenha.
Ela encostou a cabeça no ombro dele.
— Eu te amo.
Ele não disse nada.
Mas segurou a mão dela com a firmeza de quem responde sem precisar de verbo.
A entrevista foi marcada para as 11h, em um p