A noite envolvia a propriedade dos Bellandi com um silêncio enganoso, interrompido apenas pelo rangido ocasional da madeira e pelo murmúrio distante do vento esgueirando-se entre as árvores. A velha adega, escondida atrás de uma fileira de ciprestes, era o refúgio perfeito para quem queria conversar sem ser ouvido. O ar ali dentro estava carregado de fumaça e desconfiança, adensando o ambiente como uma tempestade prestes a explodir.
Enquanto Dante ainda lutava para recuperar a sanidade, para parar de pensar nela, em outro canto de seu domínio, as traições ferviam em fogo brando.
— Tudo isso é uma grande estupidez — soltou um homem com a voz rouca e cortante, batendo com o punho na mesa.
Seu olhar cravou-se em outro dos presentes, um veterano com cicatrizes nas mãos, que franziu a testa e se endireitou na cadeira.
— Em meus quinze anos trabalhando para os Bellandi, nunca duvidaram da minha lealdade — rosnou, cerrando o maxilar.
— Não é só da sua que duvidam — interveio um segundo homem