Capítulo 4

Caminho lentamente entre as pessoas, olhando ao redor na esperança de encontrar o restante da equipe. Eu tinha prometido a mim mesma que as palavras da Lia não iriam me atingir, que eu seria mais forte, mas... sinto um nó apertado no peito, e meus olhos começam a arder, denunciando as lágrimas que, teimosas, insistem em surgir.

De repente, sinto alguém segurar meu braço com delicadeza. Quando me viro, é John. Ele está lá, sorrindo para mim, aquele sorriso que sempre me faz sentir segura. Mas hoje... não. Meu coração está pesado demais. Engulo em seco, tentando disfarçar o turbilhão dentro de mim. Respiro fundo, como se o ar pudesse levar embora essa onda de insegurança.

O sorriso dele desaparece quase que instantaneamente, e seus olhos, antes brilhantes, se estreitam em preocupação. Ele me conhece bem demais.

— Está tudo bem? O que aconteceu? — Sua voz é suave, mas cheia de cuidado. Antes que eu consiga responder, ele estende a mão e, com o polegar, limpa uma lágrima solitária que escorre pelo meu rosto. Eu nem tinha percebido que estava chorando de verdade.

— Não é nada. — Respiro fundo, tentando afastar a tensão e forço um sorriso, aquele meio sem jeito, que não convence nem a mim mesma. — Vai passar.

Mas, do nada, ele me pega de surpresa. Sinto o toque suave de seus lábios na minha testa, um gesto tão simples, mas que faz meu coração disparar. Por um segundo, quase me jogo nos braços dele, querendo aquele abraço apertado, aquele conforto que só ele parece poder me dar. Queria sentir que ele está aqui, de verdade, comigo. Que, juntos, somos inabaláveis, apesar de tudo.

— Você ficou linda nesse uniforme. — A voz dele é gentil, e o elogio faz minha "eu interior" dar pulos de felicidade, quase comemorando como se tivesse ganhado um prêmio. Ele sempre sabe o que dizer...

Só agora, com a cabeça um pouco mais clara, percebo que ele também trocou de roupa. John está usando o uniforme do time de basquete, e, sinceramente? Ele está incrível. Por um momento, a tristeza dá lugar a uma admiração silenciosa.

— Não sei o que aconteceu, mas não quero te ver chorando. Foi algo que eu fiz? — Ele pergunta com uma suavidade que me desarma, seus olhos cheios de preocupação fixos nos meus.

Não consigo conter um sorriso tímido que começa a surgir no canto direito da minha boca. É uma coisa que aprendi com o meu pai — ele faz exatamente o mesmo sorriso, e de tanto ver, acabei copiando. Na verdade, virou meio que uma mania de família, todo mundo faz.

— Não, você é ótimo. — respondo, olhando diretamente nos olhos dele. Aos poucos, sinto minha confiança voltando, me acalmando. — Só fiquei emocionada de estar na equipe.

John me encara por um segundo, talvez ainda meio confuso, mas eu sei que ele entendeu. Antes que ele possa dizer algo, ouvimos os gritos e risadas ao redor. Olho na direção da fogueira e vejo o restante dos jogadores chegando, todos juntos, animados. Eles parecem estar prontos para a grande noite. Então, me viro para John.

— Acho que você precisa ir. — digo, tentando não parecer desapontada.

— Você também. Vamos. — ele responde, com um sorriso que faz meu coração aquecer de novo.

Sem hesitar, ele pega a minha mão, seus dedos entrelaçando nos meus de uma forma que parece tão natural. Caminhamos juntos, abrindo caminho entre os alunos que urram e pulam de empolgação ao nosso redor. A atmosfera está eletrizante, como se todo mundo estivesse esperando por esse momento há muito tempo. Ao chegarmos ao centro, John solta minha mão e se junta ao time, que o recebe com abraços e palmas. Antes que eu possa sentir sua falta, sou puxada por Daniele, que me coloca entre as meninas, todas igualmente animadas.

— Se lembra da coreografia que ensaiamos na semana passada? — Dani pergunta, os olhos brilhando de empolgação.

Eu confirmo com um gesto positivo de cabeça, ainda sem falar muito, e ela sorri, claramente aliviada. Sem perder tempo, me puxa para o lugar certo, onde devo me posicionar junto às outras meninas. O nervosismo cresce dentro de mim, mas tento me concentrar na coreografia que passamos horas ensaiando.

De repente, ouço os primeiros gritos e percebo que as meninas ao meu redor começaram o coro. Sem hesitar, me junto a elas, minha voz misturando-se com as outras, enquanto o som ecoa pela noite. Meu coração está disparado, batendo tão rápido que parece que vai sair do peito. A ansiedade toma conta de mim — essa é a minha primeira apresentação, e a energia do momento é simplesmente eletrizante. As luzes da fogueira, as pessoas ao redor... tudo parece maior do que eu imaginei.

Se eu soubesse que hoje seria o dia da minha estreia, talvez eu tivesse me arrumado melhor. Passo a mão rapidamente pelo cabelo, tentando ajeitá-lo de forma disfarçada. Um pouco tarde para isso, eu sei, mas a insegurança b**e. Será que estou bem? Será que vou conseguir?

Mas agora não tem volta. Respiro fundo, sentindo a adrenalina correr pelo meu corpo, pronta para dar o meu melhor.

Já passava das nove e quarenta quando nos despedimos dos outros e seguimos em direção ao estacionamento. Meu pai tinha sido bem claro: eu precisava estar em casa às dez em ponto. É óbvio que revirei os olhos quando ele disse isso, afinal, quem ainda tem que obedecer a esse tipo de regra aos 17 anos? Mas, para minha surpresa, John pareceu aceitar a ordem sem questionar, como se achasse normal. Essa regra antiquada não parecia incomodá-lo nem um pouco.

Enquanto caminhávamos juntos, lado a lado, me peguei surpresa pela facilidade com que a conversa fluía entre nós. Tínhamos tanto assunto! Falamos sobre as apresentações da noite, relembramos momentos engraçados, e ele não parava de me elogiar. A cada palavra, meu coração dava um salto.

— Você estava incrível. — ele disse, com aquele sorriso que faz qualquer coisa parecer mais leve. — E linda, como sempre. Ah, e você dança tão bem... fiquei impressionado.

Eu tentava disfarçar o sorriso que insistia em crescer no meu rosto, mas era impossível. Cada elogio dele me deixava mais animada, quase flutuando. Era estranho perceber como, apesar de toda a ansiedade inicial, a noite tinha se transformado em algo tão especial.

Quando o carro parou em frente à minha casa, tirei o cinto e me virei para ele. Por um momento, fiquei ali, apenas olhando para John, me sentindo incrível por estar com ele, mas ao mesmo tempo, uma pontada de tristeza surgia ao perceber que era hora de nos despedirmos.

— Eu adorei nossa noite. — falei, sorrindo suavemente enquanto o observava, e vi seu rosto iluminar-se com um sorriso.

— Não mais que eu. — ele respondeu, a voz doce e cheia de sinceridade. Então, levou a mão ao meu rosto, o toque suave fazendo meu coração disparar. Ele se virou um pouco mais para mim, seus olhos brilhando com um nervosismo fofo. — Será que amanhã... sei lá... podemos sair? — ele perguntou, meio encabulado, o que o tornava ainda mais adorável.

— Sei lá, só nós dois? — ele continuou, com um tom receoso que me fez sentir uma onda de calor subir ao rosto. Eu sabia que minhas bochechas estavam ficando vermelhas, e ele também.

— Tipo um encontro? — perguntei, percebendo que minha voz saiu mais baixa do que o normal, quase um sussurro, como se estivesse testando a ideia em voz alta.

— Sim. — ele respondeu, com aquele mesmo sorriso suave, ainda acariciando minhas bochechas coradas com delicadeza. O toque dele era reconfortante, como se dissesse que estava tudo bem, que o convite não precisava ser algo tão assustador. E, naquele momento, o mundo parecia parar por alguns segundos, enquanto nós dois nos encarávamos, sem pressa de terminar a noite.

— Eu adoraria. — confirmo, e ele continua me olhando, seus olhos piscando, acho que duas ou três vezes.

Naquele momento, parecia impossível contar. Minhas mãos começaram a suar, e minha barriga estava revirando mais do que um gira-gira de parquinho infantil. Tudo em mim estava em alerta, como se o ar ao nosso redor tivesse ficado mais pesado, mais cheio de expectativa.

E quando eu já estava pensando que a noite não poderia ficar mais perfeita, vejo John se inclinar lentamente, aproximando seu rosto do meu. Meu coração, que já estava acelerado, praticamente parou.

Céus, ele vai me beijar.

A onda de pensamentos começa a me bombardear. E agora, o que eu faço? Corro? Retribuo? Grito? Meu corpo parece congelado, preso entre o desejo de que esse momento aconteça e o nervosismo de não saber como reagir.

Não tenho tempo de pensar. Meus olhos parecem agir por conta própria e se fecham, enquanto sinto seus lábios se encostando suavemente nos meus. Meu coração salta como se tivesse ganhado vida, e minha "eu interior" desmaia de felicidade. O beijo é suave, durando apenas alguns segundos, mas sei que vai ser suficiente para me deixar suspirando por horas a fio.

Quando nossos olhares se encontram novamente, um sorriso espontâneo surge nos meus lábios, e ele retribui com um sorriso largo, iluminando seu rosto. Não há palavras que consigam descrever esse momento. Meu primeiro beijo com o garoto que eu gosto, dentro do carro dele, após um dia incrível e uma noite mágica, cheia de surpresas.

Mas, do nada, percebo a luz da varanda de casa acendendo. Quando olho na direção da porta, vejo meu pai parado, à porta aberta, olhando diretamente para o carro. O coração despenca na minha barriga, a realidade batendo à porta.

Obrigada, papai! É realmente uma ótima hora para você aparecer aí na porta.

— Obrigada mesmo pela noite! — acrescento, sentindo que cada palavra carrega a felicidade que estou sentindo.

— O prazer foi todo meu. Durma bem! — ele responde, e não consigo evitar um "Aaaah, que fofo!", especialmente ao ouvir um "durma bem!" saindo de seus lábios. Minha "eu interior" grita de euforia na minha cabeça, como se estivesse pulando de alegria.

Saio do carro e caminho em direção ao meu pai, tentando conter a euforia que borbulha dentro de mim. Estou desesperada para entrar no meu quarto e escrever em meu diário sobre todos os grandes acontecimentos da noite.

Quando paro em frente a ele, papai me olha com um enorme sorriso, seus olhos brilhando de orgulho.

— Você entrou mesmo na equipe! — sua voz transborda empolgação enquanto fixa o olhar no meu novo uniforme de líder.

— Aham, entrei sim! — respondo, não conseguindo esconder meu sorriso. — A Mariana vai amar saber, ela estava mais empolgada do que eu.

Ele me abraça, envolvendo meus braços em sua cintura, e eu retribuo o abraço, sentindo todo o conforto que aquele gesto me proporciona. É como se, por um instante, o mundo ao nosso redor desaparecesse.

— Vem, vamos entrar, precisamos conversar. — ele diz, e a expressão no rosto dele muda, despertando uma pontada de preocupação em mim.

Xiiiii, precisamos conversar? Essa frase faz minha espinha gelar. Com certeza ele estava espiando atrás da cortina e presenciou de camarote meu primeiro beijo. A ideia de que ele viu tudo me deixa envergonhada, e uma onda de nervosismo se espalha pelo meu corpo. O que ele vai dizer? O que ele pensa sobre isso?

Papai me permitiu tomar um banho antes de conversarmos, e assim que me viu descendo as escadas, se levantou, esperando que eu me sentasse. Essa era uma atitude comum dele, sempre tão atencioso.

— O que você quer conversar, pai? — pergunto, curiosa e um pouco apreensiva.

— É sobre o seu irmão. — Ele diz, com um tom sério que imediatamente chama minha atenção.

— Meu irmão? O que o Enzo fez desta vez? — respondo, já me preparando para o que vem a seguir.

Estou acostumada a receber pedidos de ajuda relacionados ao Enzo, que vive aprontando na escola. Recentemente, ele recebeu uma advertência por estar assistindo a vídeos impróprios durante as aulas. Fico em choque com esse garoto; apenas com dez anos, e já demonstra ser tão problemático nesse sentido. É como se ele tivesse um talento especial para se meter em encrenca! Claro que isso lhe rendeu um grande castigo: um mês sem celular.

— Não, não esse irmão. O seu irmão Lucca. — papai corrige, e a menção do nome me faz parar por um momento.

Ah, o Lucca. Quase não me lembro de sua existência. Nunca convivi com ele. Papai descobriu que Lucca era seu filho quando já estava casado com minha mãe. Desde então, o garoto sempre se mostrou muito rebelde e cheio de personalidade. Nunca aceitou a presença do meu pai em sua vida. Antes de nos mudarmos para Nova York, papai até tentou se aproximar dele, mas Lucca sempre se esquivou, se negando a deixar meu pai entrar em seu coração. Mal sabe ele o que está perdendo; papai é um homem maravilhoso e um super pai.

— O que tem o Lucca? — pergunto, tentando esconder a curiosidade misturada com um pouco de preocupação. O que será que aconteceu agora?

— Bom, a mãe dele me ligou, e estou pensando em trazer o Lucca para morar aqui.

Uow, isso é uma grande notícia, mas duvido que Lucca aceitaria. A ideia de tê-lo por perto é ao mesmo tempo emocionante e preocupante.

— Ok. Por mim, tudo bem! — respondo, tentando manter a calma, mas percebo que papai parece um pouco apreensivo. — O que tem mais?

— Bom, preciso que você preste atenção no que eu vou falar e preciso da sua ajuda com os meninos, especialmente com suas irmãs.

— Sim, pode falar, pai.

Ele respira fundo, e o tom da voz muda.

— Ele está tendo problemas com drogas. Fico preocupado com seus irmãos. Eles são pequenos, e, por mais que tentemos repetir várias vezes essas coisas no ouvido deles, temo que tenham certa curiosidade.

Sinto um peso se instalar no meu estômago. A ideia de Lucca lidando com algo tão sério e perigoso é alarmante, e a preocupação de papai faz tudo parecer ainda mais real.

Agora eu entendo a preocupação do papai. É complicado.

— E tem mais, filha. Ele já tem 21 anos, é um adulto, mas ainda não percebeu isso. Então, cuidado... eu... eu fico com medo de que ele não te respeite. Você entende, né?

Naquele momento, meus olhos se arregalaram, e a ideia de que Lucca pudesse agir de forma absurda me fez sentir um frio na barriga. Mas, pensando bem, eu entendo a preocupação do papai. Afinal, Lucca e eu somos dois estranhos, mesmo sabendo que somos “irmãos”, mesmo que apenas de consideração. Não temos nenhuma ligação sanguínea, e, por isso, a situação pode ser interpretada de maneiras diferentes.

— Tudo bem, pai! Eu entendo sua preocupação. — Falo, segurando a mão dele com carinho. — Pode ficar tranquilo, eu vou ficar atenta. Estou aqui por mim e pelos outros.

O sorriso dele se alarga, e ele me envolve em um abraço apertado. É nesse momento que percebo como ele se orgulha da criação que me deu e como ele sente alívio por eu ter a cabeça tão madura e responsável. A conexão que temos é forte, e eu prometo que vou fazer tudo ao meu alcance para que tudo fique bem.

— Bom... — ele para, me observando atentamente, e solta um suspiro profundo. — É só isso, filha. Vá descansar, você teve um dia cheio hoje.

Um sorriso feliz surge no meu rosto ao perceber que, mesmo depois de um dia longo e cansativo na empresa, papai sempre se lembra de cada detalhe da rotina de todos nós. É incrível como, apesar de ser um homem tão ocupado, ele sempre faz questão de participar das nossas atividades escolares e se esforça para estar presente sempre que precisamos dele. Essa dedicação dele me faz sentir segura e amada.

Antes de me levantar, dou um beijo suave em seu rosto, e seu sorriso se ilumina instantaneamente. Mas, mesmo assim, consigo ver a preocupação ainda presente em seu olhar. É como se ele estivesse lutando para equilibrar a tranquilidade que eu tento transmitir e a ansiedade que sente por me proteger.

— Boa noite, pai. Eu te amo!

Ao ouvir minhas palavras, vejo um brilho especial surgir nos olhos dele. É aquele brilho que só aparece quando ele se sente realmente feliz. Quando me levanto, noto mamãe parada perto da escada. Seus olhos estão iluminados por uma gratidão imensa, e o sorriso carinhoso que ela me dá me enche de tranquilidade. Sei que ela ouviu toda a nossa conversa e, assim como papai, também está preocupada. Mas mamãe é uma mulher tão forte que nunca deixa suas preocupações transparecerem quando estamos por perto. Ela é o ponto de paz e alegria nesta casa, e não consigo imaginar a minha vida sem a presença dela.

— Boa noite, mamãe! — digo, enquanto beijo seu rosto. Ela imediatamente me puxa para um abraço apertado, e eu suspiro, sentindo todo o calor e amor que ela irradia.

— Te amo, mãe!

— Te amo, minha pequena. — Ela me solta e segura meu rosto entre as mãos, olhando profundamente em meus olhos. É um momento especial, cheio de carinho, e sinto que tudo ficará bem enquanto tivermos um ao outro.

— Mãe, deixei de ser pequena faz tempo.

— De forma alguma. Você é e sempre será a minha pequena.

Ela sorri com aquele olhar carinhoso que só as mães têm, e sinto um calor no peito. Mesmo que eu tenha crescido e tenha minhas próprias responsabilidades, para ela, sempre serei aquela garotinha que precisa de proteção e amor. É engraçado como, em um instante, me sinto tão madura e, no outro, sou lembrada de que ainda tenho um espaço especial no coração dela.

Depois de um banho reconfortante, onde passei todo o tempo pensando naquele beijo com o John, me jogo na cama, sentindo o peso do cansaço me abater. É como se todo o estresse do dia tivesse decidido se instalar nos meus ombros. Me viro de lado e levo a mão para debaixo do colchão, buscando o meu diário, mas paro no meio do caminho. A verdade é que estou com preguiça de escrever agora. Vou deixar isso para amanhã; afinal, amanhã é sábado, e poderei me dedicar a registrar minhas memórias com a mente descansada e tranquila.

Me viro novamente na cama e, após puxar a coberta para me aquecer, abro a tela do celular. A primeira coisa que faço é acessar minha rede social. Começo a olhar os Stories dos meus amigos e dos famosos que sigo, me divertindo com as atualizações das vidas deles. Depois, resolvo percorrer minha timeline, ansiosa para ver as postagens das pessoas que sigo.

Depois de rolar um pouco, dando algumas curtidas e comentando algumas fotos, uma sugestão de amigos aparece mais abaixo. Sempre gosto de ver quem o app me sugere, então rolo o dedo para o lado, e fico surpresa ao ver que, como penúltima opção, está o perfil do Lucca. Um misto de curiosidade e nervosismo surge em mim.

Curiosa, clico na foto dele e sou direcionada ao seu perfil, mas, para minha decepção, encontro a página bloqueada. Só quem já o segue pode ver suas postagens. Ah, que chato! Se esse é o jeito que ele prefere, e eu vou ter que conviver com ele aqui em casa, por que não enviar uma solicitação de amizade? Com um pouco de determinação, clico no botão azul escrito “Seguir” e pronto, agora é só esperar ele aceitar.

Enquanto isso, não consigo evitar de pensar no que isso significa. Será que ele é ativo nas redes sociais? Olhando para o perfil dele, vejo que só tem 47 fotos postadas, e parece que ele tem apenas 151 seguidores. Ele segue 33 pessoas. Isso é bem diferente de mim, que estou quase alcançando mil seguidores. Parte disso se deve à minha nova fase, agora que sou líder de torcida e meu estilo mudou bastante. É como se, de repente, eu estivesse vivendo em uma bolha completamente diferente.

O meu perfil, assim como o dele, é trancado, mas, ao contrário dele, eu tenho mais de duas mil postagens e faço Stories regularmente. Às vezes, compartilho momentos do meu dia a dia aqui em casa ou posto fotos com os amigos, mostrando todas as nossas aventuras.

Continuo subindo a tela, vendo as fotos e vídeos subirem na minha timeline. Agora, com sono, não estou prestando muita atenção ao que estou vendo; tudo parece ter entrado em um modo automático. Mas isso muda quando uma notificação de mensagem aparece no topo da tela: “Oi, está aceita Denise”.

Nesse momento, a curiosidade é tão intensa que o sono desaparece como um flash. Meu coração acelera, e não consigo evitar um sorriso. Respondo rapidamente sua mensagem com um “Oi, tudo bem?” e, em seguida, corro para espiar as fotos que ele postou. Cada clique me faz sentir mais ansiosa, como se estivesse prestes a desvendar um mistério. O que será que ele compartilha? Será que tem alguma coisa interessante que possa me surpreender?

A maioria das fotos é do seu cachorrinho, que descobri se chamar “Beirute”. O nome me faz pensar no porquê de alguém escolher um nome tão curioso para um animal de estimação. Não resisto e comento na foto em que ele está deitado na grama, com o Beirute lambendo seu rosto. É uma imagem que capta bem a conexão deles. “Nome engraçado”, escrevo e envio, antes de continuar a explorar as outras fotos.

Meu olhar para na última parte do feed de Lucca, onde encontro uma imagem que chama a minha atenção. É a única em que ele aparece ao lado de uma mulher que acredito ser sua mãe. Os dois estão lado a lado, e ele sorri de forma tão genuína. Fico observando aquela foto, admirada. É impressionante como Lucca é realmente a cara do papai. O sorriso, os intensos olhos azuis... Tudo nele me lembra do meu pai.

Por um instante, sinto como se ele estivesse me observando também, o que é engraçado, já que é apenas uma foto. A sensação é estranha, mas ao mesmo tempo reconfortante. Eu me pergunto sobre a vida deles, sobre as histórias que essas imagens poderiam contar.

A sensação de proteção que olhar para essa foto me traz me faz pensar que isso é, com certeza, por ele se parecer tanto com papai. É como se a imagem dele ao lado da mãe fosse um lembrete de que ainda existem laços familiares que importam, mesmo que eu não conheça Lucca profundamente.

Outra notificação aparece e, ao verificar, vejo que ele também me enviou uma solicitação de amizade. Com um sorriso involuntário, aceito. Depois de olhar foto por foto do seu perfil, respiro fundo e fecho a tela do celular, decidindo que é hora de me render ao sono.

Mas, claro, não seria assim tão simples. Assim que me lembro do meu primeiro beijo, meu corpo volta a entrar em euforia. A lembrança de tudo que aconteceu com John me invade a mente, e é impossível não sorrir. Foi tão especial! Ele é um rapaz que parece ter saído de um conto de fadas, com aquele jeito encantador e sorriso que me faz sentir como se estivesse flutuando.

E enquanto me deixo levar pelas lembranças, percebo que o dia pode ter sido cansativo, mas o que está por vir é emocionante e cheio de possibilidades.

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