Sento, e logo ele se acomoda ao meu lado. O lugar está uma verdadeira confusão de vozes, risadas e pedidos sendo feitos para a atendente, que parece um pouco desnorteada com nossa bagunça. Eu sorrio, contagiada pela animação.
Nesse meio tempo, John me passa o cardápio com um sorriso. Agradeço, mas, honestamente, meu estômago está tão enjoado de nervoso que mal consigo pensar. Olho para as opções e decido que um milk-shake é o mais seguro. Melhor manter as coisas leves, né? Afinal, quem precisa de um lanche completo quando você já está nas nuvens?
— Não vai comer nada? — ele me fita com aqueles olhos castanhos que parecem brilhar, e sua expressão é de preocupação genuína.
— Pode pedir! — ele se aproxima mais e cochicha em meu ouvido, como se estivéssemos em um momento só nosso. — Eu vou pagar.
Meu coração se derrete com esse gesto tão atencioso. Ele falou a última parte baixinho, como se quisesse me proteger do olhar curioso dos outros. Mas, sinceramente, não é o dinheiro que me preocupa; é meu estômago, que parece estar organizando uma festa em comemoração ao meu “quase primeiro encontro”.
— Não, tudo bem — digo, forçando um sorriso que espero ser convincente. — Só não estou com fome.
Na verdade, com tanta adrenalina correndo nas minhas veias, meu estômago decidiu entrar em modo de emergência, e qualquer coisa mais pesada seria um risco! Mas a atenção dele me faz sentir especial. Como se estivesse flutuando, mesmo com a agitação ao nosso redor.
Ele concorda e, assim que surge uma brecha na conversa, vejo-o pedir minha bebida e, em seguida, um lanche e suco para ele.
— Suco? — pergunto, um pouco surpresa. — Não vai pedir um refri como os demais?
Ele dá de ombros, um sorriso determinado no rosto.
— Não, preciso me cuidar. Os jogos estão chegando, e eu sei que vão ter olheiros. Quero um dia ser jogador profissional, então preciso me cuidar desde agora. O lanche é a exceção da semana.
Uau, isso é sério! Eu o admiro por essa disciplina. Enquanto ele fala, percebo o brilho nos olhos dele; a paixão pelo que faz é contagiante. Meu coração se enche de admiração. Esse lado dele me faz pensar que talvez, só talvez, ele realmente possa ser um jogador de basquete incrível. E quem sabe, um dia eu possa dizer que estive ao lado dele desde o começo!
Eu já sabia que ele se cuidava, porque o observo há meses, mas não pensei que fosse tanto assim. Fico realmente feliz por isso! A verdade é que a maioria dos garotos não demonstra tanto cuidado consigo mesmo, e acho que é por isso que me encantei tanto por John. Não foi apenas pelo porte físico dele, embora isso também ajude, né?
John é alto, perfeito para o esporte que pratica, e isso só aumenta minha admiração. Seu cabelo tem um corte maneiro: bem baixinho dos lados e em cima, arrepiado com a ajuda de gel, dando um toque despojado e ao mesmo tempo estiloso. A pele dele é bronzeada, como se tivesse passado horas ao sol, e aquele sorriso largo… ah, meu Deus! É como se ele tivesse sido esculpido por um artista! Combinando tudo isso, ele definitivamente consegue capturar a atenção de mim e de todas as garotas da escola.
Mas aí, no meio da minha admiração, sinto um olhar penetrante. Tatyana, a namorada do Oliver e líder de torcida, me observa como se estivesse procurando um defeito em mim. É claro que não consigo me conter e confronto:
— Algum problema?
A atmosfera parece mudar, e tudo ao meu redor dá uma pausa, como se o tempo tivesse congelado.
— Ahn? Não, é que gostei dos seus brincos. Onde você comprou?
Sinto meu rosto queimar em vergonha pela forma meio grosseira como fiz a pergunta. Ugh, por que eu sempre tenho que ser tão desajeitada?
— Ah, foi um presente do meu pai — respondo, tentando manter a calma. — Mas acho que posso perguntar para ele onde comprou.
— Sério? — ela pergunta, com um sorriso que parece genuíno. — Mas você não vai ficar brava se eu aparecer usando os mesmos brincos que os seus, né?
Eu não consigo evitar um leve sorriso. É quase fofo da parte dela se preocupar com isso, mas a ideia de Tatyana usando os mesmos brincos que eu me faz sentir uma mistura de orgulho e insegurança. Afinal, quem não gostaria de ser copiada por alguém tão popular? Mas, ao mesmo tempo, espero que ela não faça disso uma competição.
Noto a insegurança na voz de Tatyana e sei exatamente o motivo: Lia. A garota mais popular, descolada e linda do colégio, candidata a rainha do baile deste ano. Sério, ela é simplesmente um pesadelo, e ai de quem aparecer na escola usando a mesma cor de batom que ela! É como se você estivesse desafiando o próprio destino.
— Claro que não! Eu ia achar um máximo! — digo, tentando acalmar Taty.
Vejo seu sorriso se iluminar ainda mais, e essa mudança me traz uma sensação gostosa de conforto. É incrível como um pequeno elogio pode fazer alguém se sentir melhor.
Depois de muita conversa e de todos se servirem, nos reunimos na praça em frente ao colégio. Alguns esperam seus pais, enquanto outros vão em direção aos seus carros. O clima é descontraído, cheio de risadas e pequenas conversas.
— Quer que eu te leve para casa? — John pergunta, e eu ergo meu olhar para seu rosto, que exibe aquele sorriso irresistível.
Meu coração dá um salto. A ideia de passar mais tempo com ele é perfeita!
— Eu agradeço, mas meu pai deve estar chegando. — digo, tentando manter a formalidade.
Assim que menciono a palavra "pai", noto que John se afasta um pouco, como se tivesse visto um fantasma. Não consigo conter a vontade de gargalhar, mas sou tão transparente que acabo mordendo a boca, tentando controlar a risada.
— Desculpe, mas foi engraçado a sua cara! — comento, e a risada sai alta e descontraída. John sorri, parecendo um pouco sem graça, e isso só faz minha diversão aumentar.
Enquanto trocamos olhares divertidos, para minha sorte, ouço a buzina do carro do meu pai e sua voz ecoa, chamando meu nome. Um alívio e um misto de emoções invadem meu peito. A noite foi incrível, e eu definitivamente não vou esquecer de como o John ficou sem jeito!
— Tchau, John! — digo, subindo na ponta dos pés para alcançar suas bochechas. Dou um beijo estalado que o deixa com as maçãs do rosto avermelhadas. Uau, que efeito!
— Tchau, Denise! — ele responde, ainda um pouco atordoado.
Sigo em direção ao carro e, ao entrar, me acomodo no banco da frente. Imediatamente, ouço meus irmãos, Enzo e Felippo, em uma discussão acalorada sobre o treino de futebol americano. A rivalidade deles é sempre uma comédia!
— Quem era aquele rapaz, Denise? — Papai pergunta, e sua voz denuncia um toque de ciúmes e preocupação.
Sorrio, sabendo que ele não consegue esconder a curiosidade. A última coisa que eu quero é alimentar esse ciúme, mas é difícil não me divertir com a situação. Afinal, a noite foi mágica e cheia de promessas!
— Era meu amigo, o John. — Não digo mais nada além disso e me intrometo na conversa dos meninos, como uma estratégia para escapar de mais perguntas do meu pai.