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Meu Segundo Amor
Meu Segundo Amor
Por: Liliane
Capítulo- A entrevista

Se alguém me dissesse que um dia eu me tornaria uma das mulheres mais ricas do país, eu teria rido. E não aquele riso leve e elegante que aprendi a imitar em eventos sociais — teria gargalhado alto, debochada, como fazia nos tempos em que mal tinha dinheiro para pagar o aluguel de um quartinho mofado nos fundos de uma pensão em São Paulo.

Meu nome é Helena Macedo. Tenho 26 anos, sou branca, cabelos longos e negros como a noite mais profunda. Meus olhos? Azuis. Frios, dirão alguns. Intensos, dirão os poucos que me conhecem de verdade. Mas naquela época… Ah, naquela época, meus olhos eram apenas cansados. Cansados de promessas vazias, de chefes abusivos, de contas atrasadas e de tantos nãos que colecionei tentando um lugar ao sol.

Lembro exatamente do dia em que minha vida mudou. O dia em que conheci Leonardo Torres.

Era uma terça-feira chuvosa — como se o mundo estivesse lavando os pecados da cidade. Eu vestia minha melhor roupa: uma calça preta social que já começava a desbotar e uma camisa branca emprestada de uma amiga. Salto alto nos pés, batom vermelho nos lábios e um currículo amarrotado nas mãos trêmulas. A entrevista era para o cargo de secretária na Torres Group, uma das maiores empresas de tecnologia e investimentos do país. Eu sabia que não tinha muita chance, mas fui mesmo assim. Fui porque precisava. Porque não aguentava mais ser ignorada pelo mundo.

O saguão da empresa era imponente. Mármore no chão, arte moderna nas paredes, e recepcionistas impecáveis, parecendo saídas de alguma capa de revista. Sentei-me, respirei fundo, e esperei.

Foi quando ele entrou.

Leonardo Torres.

Alto, cerca de 1,90m. Ombros largos, braços fortes como os de um deus grego. Trajava um terno cinza escuro sob medida que realçava o corpo musculoso. Os cabelos castanhos, um pouco bagunçados, contrastavam com a perfeição de seu rosto — maxilar marcado, barba por fazer, e olhos castanhos que pareciam arder como brasas. Quando passou por mim, senti o ar mudar de temperatura. Era como se o ambiente inteiro o seguisse. Magnetismo puro.

— Você veio para a entrevista? — ele perguntou, com um sorriso torto que denunciava charme e malícia em doses iguais.

Engoli em seco.

— Sim, senhor. Para o cargo de secretária.

Ele me olhou por alguns segundos que pareceram horas. Avaliou. Não com desrespeito — mas com interesse. Como se estivesse diante de algo raro. E talvez estivesse. Porque, naquele instante, meus olhos azuis encontraram os dele… e foi como se o mundo ao redor tivesse desaparecido.

— Qual seu nome? — ele perguntou, estendendo a mão.

— Helena. Helena Macedo.

Ele apertou minha mão com firmeza, mas sem agressividade. Havia algo elétrico naquele toque. Algo que me fez estremecer por dentro.

— Prazer, Helena. Eu sou Leonardo Torres.

Claro que eu sabia quem ele era. Mas tentei manter a compostura.

— Um prazer, senhor Torres.

— Venha comigo — disse ele, ignorando totalmente a fila de candidatos esperando para entrevistas. — Acho que podemos conversar com mais calma no meu escritório.

E foi assim. Assim, de forma improvável, repentina e quase cinematográfica, que minha vida deu uma guinada.

Seu escritório era ainda mais luxuoso que o saguão. Madeira escura, livros encadernados em couro, quadros de artistas que eu nem sabia pronunciar o nome. Ele me ofereceu um café e, depois de alguns minutos de conversa informal, perguntou:

— Por que quer trabalhar aqui?

— Porque eu preciso — respondi sem rodeios. — Mas, mais do que isso, porque eu sou boa no que faço. E não tenho medo de trabalhar duro.

Ele sorriu. Aquele sorriso perigoso de quem está acostumado a conseguir tudo o que quer.

— Você não tem ideia do quanto essa resposta me agradou, Helena.

Nos dias que se seguiram, fui contratada. E tudo começou a mudar.

Leonardo me promovia sem aviso, me dava tarefas cada vez mais desafiadoras, e sempre arrumava um jeito de me manter por perto. Ele me levava em reuniões, jantares corporativos, viagens de negócios. E embora tudo parecesse profissional, eu sabia — eu sentia — que havia algo a mais ali. Um jogo de poder e desejo que ele dominava com maestria.

No começo, resisti. Eu não queria ser “mais uma”. Mas Leonardo sabia como seduzir. Sabia como dobrar vontades. E em pouco tempo, eu me vi envolvida por seu charme, sua inteligência, e por aquela intensidade que fazia meu coração bater mais rápido toda vez que ele entrava em uma sala.

Foi rápido. Tão rápido que quase não percebi quando deixei de ser secretária e me tornei sua esposa.

O casamento foi grandioso. Capa de revista. Convidados ilustres. Vestido branco feito sob medida em Paris. Mas no meio de tanto brilho, havia uma parte de mim que sussurrava: "Você conseguiu. Mas a que custo?"

Leonardo era tudo o que eu sempre achei que queria. Bonito. Rico. Influente. Mas, por trás da perfeição, havia sombras. Mentiras. Ausências. Silêncios desconfortáveis em noites solitárias em nossa mansão de vidro.

Eu me tornei bilionária ao lado dele. A mulher perfeita ao lado do homem perfeito.

Mas não era feliz.

E foi nessa lacuna… nesse buraco silencioso que crescia entre nós… que um novo olhar surgiria. Um olhar vindo do banco da frente do carro. Um olhar simples, verdadeiro, que não me via como um troféu — mas como uma mulher.

Mas isso… isso é história para depois.

Por enquanto, só posso dizer que, no dia em que conheci Leonardo Torres, meu mundo mudou. E que nem todo conto de fadas termina com o príncipe. Às vezes, o amor da sua vida é o homem que dirige… enquanto você finge não estar olhando pelo retrovisor.

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