No escritório, as pernas de Sophia estavam enroladas na cintura de Alessio, suas unhas arranhando e deixando marcas nas costas dele.
— Você me deve uma explicação. — A voz de Sophia saiu pelo alto-falante. — Aquela pistola antiga que você deu para a Blair é uma herança de família dos Greco, certo? Ela nem precisou pedir, e você lhe deu sua posse mais preciosa. E o "você prefere a mim", onde fica?
— Blair? — Alessio ofegou enquanto empurrava as pernas dela para fora de sua cintura. — Ela é a chave para minha posição como Don. Eu já expliquei isso. Eu preciso de uma esposa respeitável para as outras famílias. Isso solidifica meu status.
— Mas eu não quero dividir, Alessio. — Sophia mordeu o lábio inferior dele. — Eu não consigo evitar o ciúme de tudo que ela tem.
Meus dedos cravaram-se no braço do sofá.
— Seja paciente, querida. — Alessio a empurrou sobre a mesa. — Assim que eu conseguir a herança que meu avô lhe deixou, Blair será inútil para mim.
Ele pegou uma caixa de veludo preta de uma gaveta e a abriu para mostrar uma pistola personalizada, cravejada de diamantes.
Ele a balançou na frente dela, como se estivesse acalmando uma criança. — Não faça um chilique. Eu mandei fazer uma para você também. Só não deixe a Blair ver, ou nós dois estaremos acabados.
— Alessio, por que você tem tanto medo de ela te deixar?
— Eu não tenho medo dela. Mas Blair era a favorita do meu avô. Assim que eu botar as mãos nos bilhões que ele lhe deixou... eu finalmente posso me livrar dela para sempre. — A resposta de Alessio veio sem um pingo de hesitação.
O rosto de Sophia se iluminou. Ela sorriu e pressionou a arma contra a têmpora dele.
— Se você se atrever a mentir para mim, eu vou usá-la para te matar.
— Então me mate. — Ele a beijou. — Eu sou seu.
Eu desliguei o monitor, meus olhos em nossa foto de casamento pendurada ali perto. Em seguida, corri para o banheiro, tendo ânsias de vômito até que minha garganta ficou em carne viva.
— Duas semanas, Alessio. — Eu sussurrei em meio às lágrimas. — Eu terei ido embora. Vamos ver o quão louco você ficará.
Na manhã seguinte, três tiros me tiraram bruscamente de um pesadelo.
Corri para a janela e vi três homens de joelhos no quintal da propriedade, desabando em poças do próprio sangue.
Alessio estava atrás deles, a fumaça ainda saindo do cano da sua arma.
— Eu lhe dei dez anos de lealdade. Eu até levei um tiro por você. — Gritou um dos homens. — Juramos um pacto de sangue para sermos leais à família para sempre. Agora, apenas alguns meses depois, você está me executando?
Alessio se virou e caminhou em direção ao salão ancestral. Eu o vi ajoelhar-se diante do antigo brasão da família Greco.
Sua voz era baixa e devota. — Eu juro em nome da família Greco: se eu a trair, que eu seja queimado pelos fogos do inferno por toda a eternidade.
Ele estava fazendo votos vazios novamente. Afinal, eu também já tinha sido enganada por suas promessas. — Blair, eu vou dedicar minha lealdade apenas a você pelo resto da minha vida.
Naquela época, eu analisei o rosto dele para procurar verdade no juramento. — Para mim? Mas uma vida inteira é tão longa.
Ele me puxou para mais perto. — Uma vida inteira é realmente longa, e eu só quero você para preenchê-la.
Agora, eu quase ri alto. Ouvir um juramento semelhante de seus lábios novamente parecia mais barato que lixo.
— Querida, você acordou cedo.
Eu me virei e vi Sophia em um vestido justo que marcava o quadril, com um decote profundo que revelava chupões frescos em seu pescoço.
— Parece que... vocês dois estavam ocupados na noite passada? — Minha voz estava surpreendentemente calma.
Ela lambeu os lábios. — Alessio estava me ensinando a atirar. Você sabe, uma mulher tem que aprender a se proteger.
Ela propositalmente parou na minha frente, deixando-me sentir o cheiro de Alessio por toda ela.
— A propósito, Blair. Vou a um clube esta noite com alguns amigos. Você se importa se eu pegar emprestado seu vestido vermelho?
— Use o que quiser. — Eu me virei para sair.
— Espere. — Ela agarrou meu pulso. — Você tem certeza de que está bem? Você parece... exausta.
Eu sacudi a mão dela. — Estou bem. Obrigada pela preocupação.
Assim que eu estava prestes a sair, Alessio se aproximou.
Ele olhou para mim e depois se virou para Sophia, com a testa franzida. — São apenas oito da manhã. Aonde você vai vestida assim?
A voz não era de um irmão, mas sim impregnada de uma intenção possessiva e íntima.
— Para o clube, eu te disse. Tommy e os outros estão me esperando.
— Eu vou encontrar um homem lá. — Ela se virou. — Como estou?
Eu vi as veias saltarem no punho cerrado de Alessio. Tommy era um jovem Capo na família, alto e bonito.
Alessio ficou em silêncio por um momento antes de falar. — Eu vou levar Blair para a casa dos meus pais hoje. — Ele disse, com a voz fria. — E troque de roupa antes de ir.
Sophia não respondeu. Ela apenas saiu nos seus saltos altos, deixando uma nuvem de perfume enjoativo em seu rastro. Alessio, no entanto, ainda segurava minha mão com força.
Fomos praticamente empurrados para dentro de sua limousine. Alessio sentou-se ao meu lado, acariciando minha mão constantemente, talvez tentando me acalmar.
Os pais dele nunca gostaram de mim.
Eles sempre me desprezaram, acreditando que eu era um "presságio ruim" que trouxe a morte para a própria filha. Na opinião deles, o ar de desgraça que eu carregava traria desastre para a família.
Durante uma parada, Alessio apertou suavemente meu ombro. — Escute, Blair, meus pais podem ser duros às vezes. Não leve o que eles dizem para o lado pessoal.
— Se algo que eles disserem te chatear, me diga. Eu resolverei isso.
Quanto mais doces as palavras, mais fundo elas cortavam. Ele sempre foi bom nisso.
Eu encarei os olhos dele. No passado, eles só me contemplavam. Hoje, eles não demonstravam nada de diferente
Mas tudo estava diferente.
— Não é nada. — Eu balancei a cabeça. — Eu só sinto falta da nossa filha.
O carro passou pelos portões de ferro, e eu vi a imponente mansão de pedra.
Raul e Margaret estavam lá, sorrindo e conversando intimamente.
No momento em que os olhos deles caíram sobre mim, os rostos deles se transformaram em pedra.