Assim que ficamos apenas minha mãe e eu, ela me encarou como quem tentasse me ler.
— O que ele quis dizer com isso de “seguir seu coração”? — a voz da minha mãe cortou o ar como uma navalha afiada, recheada de uma curiosidade disfarçada de desdém.
Suspirei, ainda tentando manter a leveza que meu pai havia deixado no ambiente minutos antes. Não queria discutir. Não naquele momento.
— Não é nada demais, mãe — respondi, voltando a me sentar e ajeitando os papéis sobre a mesa como se realmente precisasse de alguma organização. — Apenas uma conversa entre pai e filho. Nostalgia, sabe?
Ela arqueou uma sobrancelha perfeitamente desenhada, aquela expressão clássica que sempre usava quando achava que eu estava escondendo algo. E ela quase sempre achava.
— Nostalgia? Desde quando você é nostálgico, Enzo?
Dei de ombros, tentando não rir da insistência.
— Desde que tenho me dado conta de certas coisas. Mas, sério, não tem nada demais. Só conversa de homens... Ele filosofando sobre a vida,