Enzo Albuquerque
O som abafado do motor do carro parecia acompanhar o turbilhão dentro da minha cabeça. Minhas mãos apertavam o volante com força enquanto eu dirigia de volta ao restaurante, com o estômago revirando a cada quilômetro percorrido. Não consegui ficar em casa. Muito menos conseguiria dormir com toda a bagunça que havia acontecido naquela noite.
Ana foi embora. E junto dela, se foi também a sensação de que ainda tínhamos alguma chance.
Estacionei em frente ao restaurante. As luzes ainda estavam acesas, e era claro que minha mãe ainda estava lá, provavelmente regozijando-se pela vitória mesquinha que havia conquistado.
Saí do carro, batendo a porta com força, e caminhei decidido até a entrada. O lugar estava vazio, o salão ecoava o som dos meus passos apressados. Encontrei minha mãe sentada em uma das mesas, mexendo no celular com a expressão de quem não tinha feito absolutamente nada de errado.
— Espero que esteja satisfeita — falei, sem preâmbulos.
Ela levantou