Ana Luiza Martinelli
As horas no trabalho pareciam se arrastar, mas eu não me permitia desviar do foco. Cada tarefa que surgia, cada e-mail pendente, cada documento para revisar, eu resolvia com a mesma dedicação de sempre talvez até mais. Mergulhar no trabalho era a minha fuga, o único jeito de manter minha mente longe da bagunça emocional que havia se instalado depois da última noite.
Estava digitando uma planilha de orçamento quando o celular começou a vibrar sobre a mesa. Olhei de relance para o visor e vi o nome de Richard. Respirei fundo antes de atender.
— Alô? — atendi, mantendo o tom neutro.
— Ana! — a voz animada dele me alcançou do outro lado da linha, carregada daquele entusiasmo típico que sempre me fazia sorrir, mesmo quando eu não queria. — Tudo bem por aí?
— Tudo — respondi, embora soubesse que aquela resposta era mais para mim mesma do que para ele.
— Estou te ligando porque... — ele começou, e pelo tom percebi que vinha um pedido. — Eu sei que é meio em cima da hora,