Rafaela Albuquerque
A ligação de Ana Luiza me pegou desprevenida.
Estava na casa do Roberto, deitada no sofá, com uma taça de vinho na mão, quando o celular começou a vibrar. O nome dela piscava na tela, e meu coração já deu um leve salto Ana não me ligava assim, do nada. Ainda mais em uma noite de quarta-feira.
— Ana? — atendi, ajeitando o corpo. — Aconteceu alguma coisa?
Do outro lado da linha, a voz dela tremia. Parecia que a qualquer momento ela ia desabar.
— Rafaela… a sua mãe… ela… — a voz dela sumiu por um instante. — Ela se foi.
Sentei no mesmo segundo, como se algo tivesse me empurrado.
— Como assim se foi? Que tipo de brincadeira é essa?
— Não é brincadeira, Rafa… — ela sussurrou. — A sua mãe… tirou a própria vida.
Um silêncio enorme se formou ao redor de mim. O mundo pareceu perder o som. Eu só conseguia ouvir a respiração de Ana, pesada, entrecortada, e o pulsar apressado do meu próprio coração.
— Onde está o Enzo? — perguntei, quase sem voz.
— Na casa dela. A equipe médi