Enzo Albuquerque
A noite estava comum. O tipo de noite que não parece esconder nada. O tipo de noite em que você acredita, ainda que por instantes, que a vida pode ser simples. Ana estava no sofá com Nando deitado em seu colo, os dois assistindo a um desenho qualquer na televisão enquanto eu terminava de responder alguns e-mails do trabalho. Às vezes olhava para eles e sorria, como se aquela imagem me trouxesse alguma paz em meio ao caos que tinha sido minha vida nas últimas semanas.
Foi quando o telefone tocou.
Olhei o visor. Número desconhecido. Franzi o cenho.
— Enzo Albuquerque? — disse a voz do outro lado, fria, profissional.
— Sim, sou eu.
— Aqui é da equipe médica do Samu. Estamos ligando a pedido da paciente Heloíse Albuquerque. Ela solicitou que, caso algo acontecesse, você fosse o primeiro a ser informado. Sentimos muito, senhor, mas sua mãe foi encontrada em sua residência… já sem sinais vitais. Precisamos que o senhor compareça ao local imediatamente.
Eu congelei.
— Como