Ana Luiza Martinelli
Acordei com o rosto inchado e os olhos ainda grudados pelas lágrimas da noite anterior. O travesseiro estava molhado, e meu corpo doía inteiro, como se a dor da alma tivesse se materializado em cada centímetro da minha pele. Por um momento, fiquei ali, deitada, encarando o teto. Eu sabia que não era um dia qualquer. Era o dia em que meu filho completava seis anos. Um dia que deveria ser comemorado com festa, sorrisos, bexigas coloridas, bolo de chocolate e música alta. Mas estávamos no hospital. E ele... entubado. Longe da nossa casa, longe da sua caminha com lençol do Superman, longe do seu mundo colorido de criança.
Levantei devagar, como se cada movimento fosse uma batalha. A boca seca, o estômago embrulhado. Vesti uma roupa qualquer e desci para a cozinha em busca de café precisava me manter de pé.
Assim que dobrei o corredor e entrei na cozinha, fui recebida por uma cena que me pegou completamente desprevenida.
— O que é essa bagunça? — minha voz saiu mais f