Enzo Albuquerque
O silêncio daquela sala era quase ensurdecedor. O tic-tac do relógio na parede parecia zombar de mim, marcando cada segundo como uma lembrança cruel do tempo que eu perdi ao lado do meu filho. O tempo que deixei escapar por entre os dedos, por orgulho, por medo, por covardia.
Ana Luiza dormia ao meu lado, vencida pelo calmante. Seu rosto ainda estava marcado pelas lágrimas, os olhos inchados, os lábios trêmulos mesmo em repouso. Ela parecia uma menina assustada, frágil e indefesa. Ver ela assim, destruída, acabada... aquilo dilacerava qualquer parte de mim que ainda estivesse inteira.
Me inclinei um pouco, só para ajeitar uma mecha de cabelo que havia caído sobre seu rosto. Ao tocar sua pele, senti o calor do corpo dela, a respiração suave. Um sinal de vida em meio à morte que rondava aquele lugar.
Uma lágrima escapou dos meus olhos. E, como se aquilo fosse o estopim, outras vieram. Rápidas. Quentes. Doloridas.
Peguei o celular com mãos trêmulas. Respirei fundo. Eu p