Pietro Castellane:
Eu me levanto tão rápido que a cadeira quase tomba para trás. Meus olhos percorrem o corpo inteiro de Fernanda num piscar de olhos, num pânico silencioso, vasculhando cada centímetro de pele exposta, cada fio de cabelo desalinhado, procurando por qualquer sinal de violência, como hematomas, arranhões, algo que justifique o pavor que ainda me corrói por dentro.
Minhas mãos agarram seu rosto com uma urgência que faz seus olhos se arregalarem em surpresa, mas não me importo. Preciso ter certeza.
Meus polegares traçam linhas invisíveis ao longo de suas maçãs, seu queixo, o canto de seus olhos, suas orelhas...
— Você está bem? — Minha voz sai mais áspera do que eu pretendia. — Tocaram em você?
Ela não responde de imediato.
— Eles tocaram em você? — Insisto, sentindo um peso frio se alojar no meu peito quando ela não responde imediatamente.
Meu coração parece parar. O sangue congela, e por um instante, sinto como se a realidade estivesse a ponto de desmoronar, o ar desapa