Capítulo 8°

Luca chegou a estremecer quando viu Nina se aproximando com olhar desafiador, mas Salvatore não se alterou, pois não conhecia o lado negro da filha.

— Com quem pretende me casar papá?— ela disse andando em volta do pai, pisando firme com o seu salto.

— Com um homem belíssimo há?— Salvatore respondeu inocente.

Nina parou diante do pai e cruzou os braços dizendo:

— Mas eu não quero me casar com nenhum dos seus amigos mafiosos, papá!

Salvatore se assustou com a ousadia da filha e fechou o semblante.

Luca ficou apavorado e disse se inclinando para o patrão:

— Don Salvatore, olha o coração por favor!

Nina olhou para Luca e agradeceu por ele não falar em italiano. Ela sabia que quando um italiano residente fora de seu país estava nervoso, só conseguia falar sua língua e aquilo a deixava nervosa.

Salvatore segurava no braço da poltrona, se controlando para não partir para cima da filha. Ela lhe tirava do sério com aquela afronta.

Ela encarou o pai e depois se retirou com o semblante fechado.

Salvatore conseguiu tomar o fôlego e começou a falar:

— Viu Luca? Nem parece a minha bambina! Preciso lhe casar logo! Passou do tempo! Minha sogra tem razão!

Luca baixou a cabeça. Ele estava preocupado com o futuro de Nina, pois ele sabia de coisas que Salvatore não podia nem sonhar.

Ele deu um passo para trás e Salvatore se levantou falando sem parar:

— Me deixe só Luca! Preciso pensar. Preciso escolher um pretendente pulso firme para essa menina!

Luca ergueu os olhos assustados para o patrão e ficou boquiaberto. Ele sabia que Nina não se deixaria dominar por mafioso nenhum. Se pudesse confessar a quem ela se renderia, perderia a língua.

Luca saiu cabisbaixo apertando os lábios preocupado.

A noite, quando Nina saia no seu carro para a faculdade, ele parou diante do grande portão de ferro da mansão e a fez baixar o vidro do carro para lhe ouvir falar:

— Não pode enfrentar o seu pai Nina! Ele vai te casar de qualquer jeito, você o conhece bem.

Nina riu irônica antes de responder:

— Sim Luca, eu o conheço bem, ele é que não me conhece bem!

Luca se afastou e Nina deu partida no seu carro deixando o homem desolado.

Ao invés de dirigir sentido a faculdade, Nina foi na direção da emissora de televisão onde Valentim trabalhava.

Ficou com o carro parado, esperando ele sair. Viu quando o carro dele saiu seguido de outro.

Ela foi atrás curiosa. Pretendia descobrir onde ele morava.

Viu quando ele estacionou o carro na frente de um café e entregou a chave do carro a um manobrista. Logo em seguida uma moça fez o mesmo e os dois entraram juntos.

Nina ficou arrasada.

— É o meu Valentim!— disse em meio às lágrimas. Não gostava de se sentir frágil, mas aquele homem lhe deixava assim. Ele parecia exercer um certo poder sobre ela.

Nina ficou um tempo espiando, mas os dois conversavam animadamente e pareciam não ter mesmo pressa para sair dali.

Nina começou a ficar impaciente e ouviu o som de buzinas atrás do seu veículo. Um manobrista se aproximou e ela preferiu sair do carro e entregar-lhe a chave.

Ela se viu na frente da porta de vidro, paralisada, sem saber como iria entrar ali e chamar a atenção de Valentim.

Na verdade, nem precisou. Ele saiu apressado do café, pois havia esquecido o celular no carro.

Quando ele surgiu na sua frente, esperando que lhe desse passagem, ela sorriu sem graça. O coração batia tão forte que pensou que todos podiam ouví-lo.

Valentim ficou parado na frente de Nina, mesmo depois que ela se afastou para que ele passasse.

Ele sorriu simpático e ela se derreteu. " Meu Deus, ele era mais bonito pessoalmente que na televisão!"— Nina pensou segurando o peito. Valentim parecia um típico italiano. Moreno alto, cabelos negros, olhos misteriosos também escuros e tinha a boca mais perfeita que Nina já vira. Ela estava encantada.

Ele piscou algumas vezes, pois também ficou surpreso com a sua elegância. Nina parecia uma executiva, ao mesmo tempo, tão doce e meiga.

Valentim enxergava a moça com os olhos. Bem vestida, os cabelos bem claros, chegando ao tom de loiro e os olhos castanhos bem claros, ela parecia muito doce.

Valentim fez um cálculo rápido e deduziu que ela pertencesse a uma família muito rica, a julgar pelas jóias delicadas que usava e seus gestos finos. Sim, ela devia morar próximo dali e claro, ali só haviam mansões, o próprio Salvatore morava naquele bairro, ele bem sabia.

Valentim não comentou muito sobre o ocorrido no seu programa de TV. Vontade não lhe faltou para acusar Salvatore, mas resolveu seguir o conselho da mãe e foi discreto, apenas disse que sofreu uma tentativa de assalto, como noticiou o jornal que Salvatore leu.

Valentim piscou algumas vezes e se afastou sem graça, tinha receio de estar constrangendo a moça com sua admiração extrema.

Nina suspirou e seguiu Valentim com o olhar enquanto ele seguia para o seu carro.

Ela ficou parada na frente do café até que ele voltou.

Valentim lhe sorriu assim que voltou com o celular na mão e percebeu que ela ainda estava no mesmo lugar.

Ele entrou e Nina seguiu atrás.

Ela cruzou o olhar com o de Susan e ficou sem graça. Um garçom veio recebê-la e a acompanhou até uma mesa de canto.

Valentim olhava para ela de vez em quando, como se não pudesse perdê-la de vista nunca mais.

Susan olhou para os dois e disse sem graça:

— Valentim, eu estou aqui!

Ele piscou algumas vezes e sorriu, desviando o olhar de Nina.

— Está deslumbrado pela patricinha?— Susan disse irônica.

Valentim não disse nada e um garçom se aproximou deles trazendo dois cafés.

Susan olhou para Nina que tentava em vão disfarçar o seu deslumbramento pelo amor da sua vida.

" Meu Deus, ele é tão lindo!"— ela pensava, enquanto saboreava o seu café.

Valentim também estava confuso, ali com a colega que ele imaginava que se interessava por ele e ao mesmo tempo, não conseguia tirar os olhos da mulher mais atraente que os seus olhos já viram. Ela parecia lhe atrair como se fosse um canto de sereia, era mais forte do que ele.

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