Capítulo 9°

Nina achou por bem se retirar daquele lugar e apenas sorriu para Valentim ao passar por sua mesa.

Susan ficou boquiaberta com a ousadia daquela estranha.

Valentim seguiu com o olhar os passos elegantes de Nina e quando virou-se para Susan, encontrou o ar de indignação estampado no rosto da moça.

— Chega, isso pra mim foi demais!— ela disse se levantando.

Valentim a fez sentar segurando o seu braço, mas os olhos estavam lá fora, presos a magia que vinha da moça mais doce que pensou existir.

Susan sentou-se olhando na direção dos olhos de Valentim e viu Nina lhe sorrindo, enquanto entrava no seu carro.

— Ela deve ser muito rica! Viu o carro dela? Não é para o seu bico, meu caro! — Susan comentou logo que Nina se foi.

Valentim não respondeu, limitou-se a comer o croissant à sua frente.

Valentim ficou pensativo o tempo todo e Susan ficou decepcionada porque esperou tanto poder ficar a sós com ele, fora da emissora e vem uma deusa daquela e rouba a cena.

Ela suspirou e também começou a comer. Pensou que não voltariam a ver aquela beldade nunca mais. Aquela moça parecia pertencer a uma família muito abastada e estava longe do alcance de Valentim. Ela não precisava se preocupar, pelo menos era isso que ela pensava.

Depois do café, cada um seguiu seu rumo e Valentim chegou ao seu apartamento angustiado por ter perdido aquela mulher de vista. "Nunca mais a veria novamente"— ele pensava enquanto afrouxava a gravata.

Precisava vê-la outra vez. Era a mulher mais linda e elegante que já vira. Precisava cruzar com ela novamente. Não sabia como, mas precisava.

Depois de se despir, ele entrou no chuveiro sem parar de pensar em Nina.

Ela não conseguiu ir para a faculdade. Voltou para casa dizendo que não se sentia bem, mas assim que entrou no seu quarto, quase gritou de alegria

— Amor meu! Eu te vi de pertinho! Eu nunca mais vou te perder!— ela dizia se jogando na cama macia e acolhedora.

— Valentim, você olhou pra mim! Você olhou pra mim!— ela falava sem parar.

Alguém bateu à porta lhe trazendo a realidade.

— Entra!— ela disse. Tinha quase certeza de que era a sua nonna.

Giulia entrou sorrindo sem jeito.

— Desculpa Nina! Quer que faça um chá? Não se sente bem?— ela falou sentando-se à beira da cama.

Nina abraçou a avó sorrindo e falando:

— Estou bem, nonna! Nunca me senti tão bem! Eu o vi de pertinho, nonna!

Giulia sorria confusa, contagiada pela alegria da neta.

— Nina, se controle pelo amor de Dio! Tuo padre pode ouvir, han?— ela dizia olhando para a porta.

Nina se afastou da avó e se levantou de braços aberto falando:

— Ele me viu nonna! Isso é o que importa! Ele olhou para mim!

Giulia também se levantou olhando para a porta nervosa, enquanto falava:

— Agora ficou ainda pior, Dio Santo! Antes era só na tela!

Nina se jogou na cama sorrindo e Giulia saiu meneando a cabeça.

Nina e Valentim adormeceram neste dia pensando um no outro.

No dia seguinte, Nina planejou cruzar novamente com Valentim. Nunca mais se separariam. Ela suspirava na mesa do café.

Giulia olhava preocupada para neta, temia que Salvatore desconfiasse de alguma coisa.

Salvatore olhou a filha com espanto e disse sorrindo satisfeito:

— Graças a Dio que tu

estás cosi felice!

Nina revirou os olhos. Não gostava que o pai estivesse misturando os idiomas com ela. Sempre temia vê-lo exaltado. Mas Salvatore estava mesmo feliz.

— Isso é bom per que vai receber bem a mia notícia!— ele dizia gesticulando muito.

Nina continuou comendo mostrando pouco interesse pelo assunto.

Salvatore se inclinou para a frente sorrindo e disse animado:

— Per que io já arrumou um marido para tu, Nina!

Quando Nina ergueu os olhos assustados para o pai, percebeu que a mãe e a avó também estavam perplexas.

Salvatore ignorou as caras de espanto e continuou a falar empolgado:

— Ma ele é belíssimo e inteligente também, há! Não tem como não gostar de Vittorio!

Nina se inclinou procurando os olhos do pai e indagou com a testa franzida:

— Ele é mafioso como tu papá?

Salvatore trouxe o corpo de volta falando alegremente:

— Si, si e como non!

Nina também ajeitou o corpo de volta a cadeira e disse confusa:

— Não vou casar com nenhum mafioso!

Giulia arregalou os olhos e olhou para Gioconda que também estava surpresa.

Salvatore fechou o semblante e se levantou da mesa, batendo forte com a mão entre as porcelanas que trepidaram.

— Filha mia não tem querer, há!— ele gritou.

Nina também se levantou e encarou o pai dizendo:

— Eu não vou casar contra a vontade! Vou escolher com quem quero ficar a vida toda e não vai ser nenhum dos seus amigos mafiosos.

Salvatore ficou boquiaberto enquanto via a filha se afastar pisando fundo.

Nina saiu pela porta da frente e foi pegar o seu carro.

Luca saiu atrás desesperado falando:

— Tu enfrentaste o tuo padre novamente Nina? Estás dificultando as coisas! Logo ele vai descobrir que estou de tuo lado!

Nina parou e suspirou angustiada.

— Eu posso me virar sem você, Luca! Me deixe então!— foi o que ela disse antes de entrar no carro e sair em alta velocidade.

Luca olhou para a casa e voltou a olhar o rastro do carro de Nina e coçou a cabeça confuso. Correu quando ouviu os gritos do patrão chamando por ele.

Luca chegou correndo e encontrou o patrão bufando enquanto as criadas apanhavam os cacos de porcelanas do chão.

Giulia e Gioconda estavam em choque, não ousavam falar qualquer coisa. Não se lembravam de ter visto Salvatore tão bravo antes.

Luca passou por elas lançando olhar de preocupação e seguiu o patrão até o seu escritório.

Salvador respirou fundo e começou a falar acendendo um charuto. As mãos tremiam.

Luca aceitou um charuto que o patrão lhe oferecia e sentou-se numa poltrona para onde a mão de Salvatore apontava.

— Ma eu preciso que tu siga os passos da mia figlia, Luca! Io confio eu tu, capisce?

Luca assentiu a cabeça nervoso.

— Si, capisco Don Salvatore!

Salvatore soprou a fumaça do seu charuto no ar, depois se inclinou para Luca e disse:

— Descubra se Nina tem alguém e mande matar o maledetto sem que ela saiba!

Luca engoliu em seco olhando fixamente para o patrão e também soprou a fumaça do seu charuto.

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