A luz da manhã invadiu a cobertura sem pedir licença, mas não aqueceu nada.
Yanika despertou sozinha. O espaço ao lado ainda conservava o calor do corpo dele, mas o cheiro era tudo que restava. A ausência de Lukenne era como uma cicatriz recente: ardia e deixava a pele sensível demais até para respirar.
Sentou-se com cuidado, os músculos fracos após o cio, o pescoço nu pulsando em silêncio. O ar ao redor parecia carregado de tudo que não foi — da marca que não veio, das palavras que não foram ditas, do toque que ela recusou por medo.
Vestiu-se devagar, como se estivesse pisando em ruínas.
Na cozinha, não havia café. Nenhuma xícara separada para ela. Nenhuma torrada. Nenhum bilhete. Nada.
Subiu os degraus em direção ao escritório. Ele estava lá. Sentado diante do computador, como se a noite anterior tivesse sido apenas um sonho ruim. Ou um acidente. Um deslize apagado.
— Bom dia… — ela arriscou, voz baixa, carregada de incerteza.
Ele não respondeu.
— Lukenne… sobre ontem—
— O