~Lyra~
Eu fiquei parada no topo da escada, observando eles discutirem—vendo os gestos, as bocas se moverem, os corpos tensos—e, sinceramente, parecia que eu não conseguia ouvir porra nenhuma.
Os lábios deles se mexiam, mas as palavras não chegavam. Nem encostavam nos meus ouvidos. Era como se alguém tivesse abaixado o volume do mundo inteiro até zero e me deixado presa dentro de uma bolha de silêncio, numa casa que, de repente, não parecia mais minha.
Porque ela beijou ele.
Ela beijou ele, caralho.
Ela encostou os lábios nos dele como se ele fosse dela. Como se ela tivesse esse direito. Como se ele não tivesse estado dentro de mim menos de uma hora atrás. Como se eu ainda não estivesse mancando por ter sido aberta pelo nó dele, ainda dolorida por quão cheia ele me deixou, ainda pingando pelas coxas como uma coisinha arruinada, marcada, reivindicada e fodidamente destruída.
E lá estava ela.
Enfiando a boca nele como se estivesse voltando pra casa. Pro homem dela.
Deusa. Quem eu estava