Às vezes, o silêncio da noite não pesa — ele convida.
Foi assim naquela noite. O mundo parecia ter se recolhido em um suspiro coletivo. A floresta dormia, as estrelas espiavam entre as folhas, e havia algo no ar que me fazia esquecer o passado. Um convite sem palavras. Um chamado que não vinha dos deuses, nem da lua. Vinha dele.
Lord estava encostado contra a parede da minha casa, como se fizesse parte dela. Os braços cruzados, o olhar tranquilo — mas atento. Sempre atento. Sempre tão mais do que deixava parecer.
— Veio me proteger ou está apenas tentando roubar o resto dos meus bolinhos? — provoquei, saindo da sombra da porta, ainda com os cabelos meio soltos e um pano enrolado no braço.
— Os bolinhos são irresistíveis, Liz. Mas não mais do que você — ele disse com aquele sorriso torto, o mesmo que parecia me desarmar toda vez que tentava manter distância.
Fiquei parada por um instante, os olhos presos nos dele. Havia algo ali — algo bruto e terno ao mesmo tempo. Como um lobo que apr