Narrado por Isadora Alencar
A taça de vinho tintilou entre meus dedos, e o som cristalino pareceu mais alto do que deveria. Talvez porque, naquela sala iluminada demais e silenciosa demais, cada pequeno gesto gritasse.
Estávamos todos ali — sentados à enorme mesa de jantar dos Tavares, em um daqueles encontros de família que Enzo fazia questão de manter. O avô na ponta, sorridente com as histórias da juventude; a mãe de Enzo, sempre elegante e crítica, distribuindo sorrisos seletivos; o irmão mais novo, entretido no celular. O pai, sempre com um copo de uisque na mão. E no centro de tudo, Dante Tavares. O homem que me ignorava com uma maestria que doía.
Ele mal me dirigiu um olhar desde que cheguei. E, ainda assim, eu o sentia. Cada vez que ele movia os talheres com precisão, cada vez que cruzava as pernas sob a mesa, cada vez que seu perfume cortava o ar. Ele estava ali. Vivo. Presente. Como se sua indiferença fosse o toque mais íntimo que já recebi. A nossa discurssão mais cedo na sa