A próxima.
Isadora Alencar
A festa parecia maior do que realmente era, ou talvez fosse apenas o peso que eu carregava no peito que tornava tudo tão sufocante. As luzes douradas refletiam nos espelhos altos, nas taças erguidas, nos olhares que se cruzavam pelo salão como lâminas afiadas. Eu estava ali, vestida num tecido branco que não me pertencia, sorrindo para pessoas que não conhecia, tentando parecer inteira, enquanto por dentro eu desmoronava um pouco mais a cada passo.
A mão de Enzo repousava firme nas minhas costas, queimando como se quisesse marcar minha pele. Eu tentava sorrir, corresponder, mas algo sempre escapava do meu controle. Não importava o quanto eu treinasse o sorriso, ele sempre saía torto, denunciando meu medo, minha ansiedade… ou pior: minha culpa.
Quando o vi entrar, meu coração falhou uma batida. Não pelo susto, mas pela lembrança que me atravessou como um golpe. Dante Tavares. Seu nome me percorria a pele como se tivesse sido gravado a ferro quente. Alto, sóbrio, vestind