POV Sayra
A multidão gritava.
O céu sangrava em cinza.
E eu observava.
Liah deveria estar morta.
Seu sangue deveria jorrar do cadafalso, encharcar a terra como um lembrete de que bastardas não ousam morder os pés da realeza. Mas não. Ela continuava viva. Erguida. Olhando para Magnus como se fosse rainha de nascença.
E ele… deixou.
Deixou que ela cuspisse em sua autoridade. Que queimasse o Conselho com um olhar. Que ameaçasse tudo o que ele lutou tanto para construir.
O povo tremia. O céu rugia. E ela sorria.
A bastarda voltou viva.
E eu? Eu fui deixada aos olhares de pena.
Segurei as saias com força. Meus dedos doíam de tanto apertar o tecido. Os nobres cochichavam, como ratos em festa, e nenhum deles me olhava como princesa. Nenhum me via como futura rainha. Eu era… descartável.
“Ele jamais vai tocá-la”, diziam.
Mas o mundo esqueceria.
Eles sempre esquecem.
A mulher que hoje é amada… amanhã é enterrada.
E eu, Sayra de Khaal, não fui criada para morrer