POV Sayra
A noite caiu espessa como óleo derramado sobre o castelo.
Vesti o robe branco do culto da Lua, símbolo de pureza e devoção, enquanto escondia sob ele a lâmina fina, curta, envenenada — feita para cortar carne macia sem levantar suspeita. O mesmo tipo usado para sacrificar cordeiros.
A cada passo pelos corredores, minha mente repetia a profecia sussurrada pelas sacerdotisas caídas:
“Uma filha que não chora. Uma sombra que caminha entre vivos. Onde ela tocar, a morte germinará.”
Se aquela menina vivesse, o reinado de Magnus cairia. Não pelo sangue... mas pelo medo. E eu... eu não permitiria que uma aberração bastarda herdasse o que devia ser meu.
Dois guardas dormiam de pé na entrada. Enfeiticei-os com um pouco de essência de dormência que deixei queimar lentamente em seus incensários — um presente de "paz" deixado mais cedo no altar do corredor.
O berço de pedra estava à frente.
A sala estava vazia. Nenhum servo. Nenhum som. A lareira apagada. Frio.
Aelyra dormia.