A Travessia dos Ecos
A floresta que antes me parecia refĂșgio agora exalava uma tensĂŁo densa, como se cada folha carregasse a respiração de um pressĂĄgio. Caminhei por entre as ĂĄrvores antigas com o manto sagrado de Rafael envolvendo meu corpo, como se carregasse nĂŁo apenas tecido, mas um pacto â com a terra, com os lobos antigos, com meu destino.
A cada passo, sentia a marca em meu peito arder com um calor reconfortante, como se guiasse meus pés pelo caminho certo. O nome dela sussurrava dentro de mim como um eco: Selene, meu lobo interior. Pela primeira vez, ela parecia desperta. Não como uma sombra adormecida, mas como uma chama viva, aguardando o momento de emergir.
"Estamos mais fortes agora", ela disse dentro de mim. "NĂŁo somos mais sĂł carne. Somos espĂrito. Somos sangue da lua."
Meus sentidos estavam mais aguçados do que nunca. O som de um galho se partindo a muitos metros se transformava em um alarme. O perfume das flores da noite dançava como trilhas invisĂveis. Ouvi corujas, s