O Outro Lado da Lua
A travessia nĂŁo foi como atravessar uma porta. Foi como ser despida por dentro. Senti minha alma ser esticada atĂ© o limite, como se cada cĂ©lula do meu corpo gritasse por algo que nĂŁo entendia. NĂŁo era dor, nĂŁo era prazer â era transformação.
O vĂ©u me engoliu em luz e sombra, e entĂŁo tudo virou silĂȘncio.
Flutuei por um tempo que não sei medir. Quando meus pés tocaram o chão novamente, eu não estava mais na clareira. Estava⊠em outro mundo.
O cĂ©u era negro como tinta, salpicado de estrelas que pulsavam em tons de vinho e dourado. Havia uma lua no alto, enorme, como se me observasse. Mas nĂŁo era a lua que conhecĂamos. Essa lua era viva. Respirava. Seus olhos me seguiam, e eu juro que a ouvi sussurrar meu nome.
â Alice...
A vegetação ao redor era vermelha. Ărvores de troncos torcidos e galhos cobertos de folhas negras formavam um bosque silencioso. Uma nĂ©voa rasteira dançava aos meus pĂ©s, como se me guiasse. NĂŁo havia som de animais, de vento, de vida. E ainda assim, e