Kael, que estava ouvindo tudo em silêncio, sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Ele era um desses "ricos esnobes". Havia se beneficiado de todo aquele sistema do qual ela tanto reclamava. A revelação dela, a franqueza em sua dor, o atingiu em cheio, fazendo com que sua própria "farsa" de turista despojado pesasse ainda mais. Ele percebeu, com uma clareza dolorosa, que estava testemunhando a realidade de uma vida que ele, em seu privilégio, jamais poderia ter imaginado. E soube que ela não iria gostar de saber a verdade, de modo algum.
Enquanto caminhavam, a conversa de Cássia pintava um quadro vívido de sua vida. Kael ouvia, cada palavra dela aprofundando o contraste entre seus mundos. De repente, uma luz forte vinda de uma pequena loja na esquina chamou sua atenção. Era uma farmácia simples, um dos poucos estabelecimentos da vila.
— Espera um pouco, Cássia. — Ele disse, parando abruptamente.
Ele passou a rua, entrou na farmácia, com o cheiro de medicamentos e produtos de higiene o