Eu me aproximo como um zumbi. Meus pés tocam o chão como se arrastassem toneladas. Meu corpo parece anestesiado, mas por dentro... é puro caos. Uma tempestade de emoções me atravessa: raiva, dor, humilhação, vergonha. Não sei se tenho vontade de chorar, de gritar, de rir da minha burrice ou simplesmente de rasgar a cara dos dois ali mesmo.
Meus olhos ardem, minha garganta está fechada. Mas minha voz, quando sai, surpreende até a mim mesma. Sai calma. Baixa. Como se viesse de outra pessoa.
— Você esqueceu isso.
Estendo o celular para Jenny. Ela pega sem dizer uma única palavra. Sem um olhar. Sem um mínimo de decência.
As portas do elevador se fecham atrás dela, e eu ainda posso sentir o peso daquelas palavras ressoando dentro de mim, como sinos fúnebres.
Silêncio. Mas eu sinto. O olhar do Ryan está cravado em mim. Como se, de repente, ele percebesse o tamanho do estrago.
— Katerina… — ele chama.
Eu não o olho. Não dou margem para aproximação.
— Eu vou... Eu vou pegar minhas coisas.
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