Chase

Fechei os olhos e os abri lentamente, respirando fundo. 

Encostei a cabeça no travesseiro, e senti minha cabeça afundar rapidamente. Estava latejando, como se um baterista estivesse lá dentro. Hoje com certeza foi um dos piores dias da minha vida. 

Suspirei. 

Todo o meu corpo estava enrijecido, e acreditei que meus músculos pararam de funcionar quando deitei na cama. 

Droga. 

Desfiz o nó da minha gravata azul, e percebi que minha garganta estava entalada. Todas as palavras que não saíram hoje mais cedo, me estrangulavam agora. Eu respirei fundo mais uma vez, tentando manter a sensação de impotência e dor fora de mim. Fiz movimentos circulares com os ombros. Quando não conseguia mais ficar calmo, tomei um banho relaxante. Deixei com que a água caísse ao meu redor, quente. Eu fechei bem os olhos, e era como se pudesse vê-lo na minha frente novamente. Isso me torturava. 

Eu não podia deixar que aquilo acabasse comigo, mas permitia mesmo assim. E perguntei a mim mesmo se era tão ruim, porque, talvez, eu realmente merecesse tudo isso. Minha irmã me odiava — igual ao resto do mundo —,  meu pai estava numa porra de hospital, vivendo graças a aparelhos, e eu… bem, tentando me manter firme. 

Eu ergui a cabeça e a água escorregou pelos meus cabelos. Passei as mãos, penteando-os para trás com os dedos, esfreguei os olhos e encostei a testa na parede fria. 

— Porra — berrei, socando a parede. 

Naquele único dia, eu tinha que ser forte o suficiente para perceber que tudo aquilo era real, mas de novo, eu ignorei, e o peso que isso me forçava a carregar era insuportável. Lágrimas brotaram nos meus olhos, ardendo, queimando. Eu não podia permiti-las, porque isso declararia que sou um covarde. Mas não resistir parecia tentador. 

Desci as mãos pelo meu rosto, sentindo a barba por fazer crescendo, e as levei até o meu abdômen. Eu sorri. A única coisa normal que havia acontecido comigo hoje era a merda de um café estourado bem no meu terno mais caro. Vi mentalmente a expressão da minha secretária, e porra, notei só então a vermelhidão em seu rosto. Ela estava vermelha. Meus olhos captaram o olhar hipnotizado, se banqueteando enquanto eu abria os botões, revelando meu corpo por debaixo da roupa. 

Quanto tempo faz? 

Merda. 

Minha língua passou entre os lábios. Seria errado bater uma pensando na minha secretária gostosa? Bem, ela parecia bem entretida com o meu showzinho mais cedo. Não. Resisti. Um sorriso escapou por meus lábios. 

Vamos lá, Chase… o dia não foi uma bosta completa, admita. 

Eu não consegui pensar em mais nada a não ser a boca rosa entreaberta da minha secretária. Os músculos do meu corpo se contraíram. Levei a mão até o pau, e involuntariamente o percorri com um dedo. Mordi o lábio inferior. Não seria tão ruim se eu me aliviasse. Talvez até agradecesse a ela depois, porque sem dúvidas, aquela bunda merecia uma punheta. 

Seu pervertido! 

Você está conversando com uma garota, não pode bater uma para a sua secretária — a vozinha na minha cabeça disse.

Eu estava duro, completamente duro. 

Como é mesmo o nome dela? 

Alison? 

Adele? 

Annette? 

Annelise. 

Annelise! 

Isso. 

Minha mão parecia quente ao tocar meu membro rígido. Eu engoli a saliva e a água correu por meu corpo, deslizando deliciosamente. Fechei bem os olhos e visualizei Annelise em minha mente. Ninguém nunca foi preso por bater uma, não é? Meu peito subia e descia, indicando que a onda de excitação que eu sentia me envolvera por completo. A respiração aumentou, eu escorreguei a mão pelo pau, sentindo sua dureza ardente. Um gemido seco escapou do fundo da minha garganta. 

Imaginei Annelise com aquela saia lápis apertada, de quatro. Eu cheguei perto, molhado com o café que ela havia derramado em mim, e bati em sua bunda. 

Garota malvada. 

Ela soltou um gritinho. 

Abaixei, e ela virou-se na minha direção, com aquele sorriso idiota no rosto. 

Acelerei os movimentos. Meu pau latejava sob o toque. Eu inclinei as costas, juntando as sobrancelhas, inexplicavelmente excitado demais para parar. Uma onda de imagens de Annelise percorreram a minha mente: 

Em cima da mesa, chupando o meu pau, molhada, nua… como ela devia ser nua? 

Porra. 

Para. 

Por sorte ou azar, a companhia tocou. Eu desliguei o chuveiro, enrolei uma toalha  no corpo e fui atender. Do outro lado da porta, estava o porteiro, o sorriso no rosto chegava a ser exagerado. 

— Sr. Ward — ele disse. Notei uma caixa em suas mãos. — Desculpe o incômodo, mas… — ele olhou para a caixa. — Uma mulher mandou entregar  isso para o senhor. 

Franzi a testa e peguei a caixa de suas mãos. 

— Obrigado. 

— Ela disse que… — fechei a porta, deixando-o tagarelar sozinho. 

Afastei-me e me dirigi ao sofá. Sentei no braço do sofá e abri a caixa. Tinha um bilhete junto com o paletó e a camisa. 

Merda. 

Ela tinha alguma espécie de vidência?  

E por que estou preocupado que saiba da minha necessidade especial? Foi só um incidente. Um incidente que ela ocasionou. Não tenho culpa de ser criativo. 

Peguei o bilhete, abri e li: 

Annelise

Não tive a chance de devolvê-lo pessoalmente, mas mesmo assim. Está aqui, novinho em folha. 

Sorri. 

Ah, que fofo. 

Levantei, andei até a cozinha. Eu abri a tampa do lixo, pressionando o pé no local correto e joguei o terno fora. 

Annelise… 

Sorri. 

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