Chase Ward acreditava em apenas duas coisas: poder e desejo. Quando conheceu A Dama de Vermelho por meio de um chat anônimo, tornou-se quase obcecado pela influência causada sobre si. Então, fez somente uma proposta: 3 semanas para tê-la. Mal sabia ele que a pessoa pela qual sentia essa irresistível atração sempre estava a um passo de distância. Annelise Hamilton era a nova secretária do cara mais arrogante que já viu, mas também deliciosamente cretino. Quando descobriu que era Chase com quem conversava, quis fugir, mas sua fuga tornou-se impossível por uma razão: uma proposta irresistível. Será que o amor supera desejo? Ou o desejo é dominado pelo poder?
Ler maisLevantei a sombrinha e a segurei firme, tão firme que notei que os nós dos meus dedos ficaram brancos. Eu esperei o carro passar, e a m*****a sombrinha ameaçou voar. Justamente nesse momento, quando tive a oportunidade de avançar, o carro cantou pneu e explodiu uma poça d'água. Eu me joguei para trás, murmurando palavrões que nem sabia que conhecia. O babaca ainda teve a audácia de colocar o braço para fora da janela e me mostrar o dedo do meio!
A raiva me atingiu naquele instante. Estreitei os cantos dos olhos e me preparei para correr, eu poderia facilmente alcançá-lo e jogar a sombrinha no seu precioso BMW preto. Eu ficaria realmente super feliz. Baixei os olhos e notei meu vestido ensopado. A chuva começara a me encharcar desde que saí de casa. Eu esperava não pegar carona com Brad hoje, meu vizinho. Ele teve uma queda por mim desde que mudei do apartamento em que estava para esse — o apartamento era menor e custava muito mais. Minha vida se reajustou desde que perdi meu emprego, e tive que avaliar tudo desde então. Eu sei que usar um cara que tem uma queda por você é ruim, mas falando sério, ele gosta de fazer isso. Ninguém foi preso por iludir um cara. Olhei para os dois lados e constatei que não viria nenhum carro. Corri, atravessando a rua, até chegar do outro lado. Encarei a fachada do Pet's Cute Shop e sorri. Era exatamente aqui. Olhei no papel amassado que segurava e entrei, verificando o lugar. Vi Abby afagando um cachorrinho. Ela vestia uma blusa rosa, laço da mesma cor e saia jeans. Quando me viu, sorriu. Fechei a sombrinha e a coloquei no meu pulso. Sem querer, esbarrei numa pilha de ração para gato "Hunger Cat" que estava na prateleira. Os sacos despencaram no chão, como dominó. Abby estreitou os olhos e levantou uma sobrancelha. Ela levantou e o cachorro choramingou, pedindo mais carinho. Ele se ergueu sobre as patas traseiras e apoiou as patas dianteiras no cercado amarelo. Um filhotinho fofíssimo! Abby enfiou as mãos nos bolsos e o sorriso sapeca apareceu. Notei só então que a sombrinha estava pingando. Ai, Deus… você é terrível, Annelise! — Oi — ela disse. Eu corri para mais perto e pulei, agarrando-a num abraço apertado. — Alguém morreu? — brincou. Geralmente, eu quase nunca a visitava. No mês passado, lembro de tê-la visto por somente um dia na semana. A mudança me esgotou e passava o resto do dia procurando emprego. Era um inferno. Eu a soltei. — Tive tempo hoje — informei, passando o braço pelo seu e a puxando, guiando-a para dentro de sua própria loja, como se já soubesse o que cada cantinho daquele lugar guardava. — Então resolvi visitar a minha irmã favorita. — Eu meio que fiquei com medo agora. — Inclinou a cabeça. — O que aconteceu? Desde que eu fui demitida do meu antigo emprego, evitei falar com Abby. Ela era tipo a realização de um sonho só que não imaginado por ninguém, sabe? Aos vinte e seis anos, estava casada com um cara lindo, Mike Montgomery, enfermeiro, tinha duas filhas lindas — duas pestinhas chamadas Hannah e Maryah — e conseguiu abrir o pet shop que sonhava desde que era pequena. E eu, aos vinte e cinco, não conseguia nem manter um emprego bobo de secretária! Nós éramos competitivas e isso seria declarar que eu tinha perdido a rodada. — Nada — garanti. Ela parou, franziu a testa e eu completei: — tá… eu meio que encontrei um emprego. O salário é bom, o emprego é bom… — Mas? — Mas o chefe é péssimo. — Disse com veemência. — Ele me ignora, é abusado e um babaca. — Ela assentiu. — E eu não sei se… — as palavras morreram na minha boca. Ela pegou a minha mão e seu toque quente aqueceu meu peito. A Shaffer & Sheppard era o sonho de qualquer um. O emprego era perfeito e legal. Há uma semana, quando me candidatei à vaga de secretária de um tal de Chase Ward, não fazia ideia de que o cara era praticamente o pupilo do diabo. O desgraçado me mantinha até tarde todos os dias, mal aparecia no escritório e me obrigava a fazer suas exigências idiotas. Durante a entrevista, ele ficou me encarando como se eu não passasse de uma coitada pedindo esmolas. Mas se tem uma coisa que devo admitir, é que o cretino é terrivelmente sexy. A cara perfeita — que eu supostamente desejei lamber — era composta por olhos azuis vibrantes, um sorriso cheio de dentes dolorosamente atrevido e uma covinha que era puramente tentadora. Eu talvez possa ter imaginado como o corpo musculoso é por trás do terno feito sob medida. Mas nada disso apaga o fato de ele ser um babaca metido. Eu cogitei sair do emprego, mesmo fazendo apenas duas semanas e meia que estou nele. Eu precisava da opinião de Abby, porque ela era muito mais sensata do que eu jamais fui. — Você está pensando em sair do emprego? — ela leu minha mente, mas sua voz pareceu estranhamente surpresa, como se eu tivesse acabado de dizer que sequestrei um elefante. — Não. — Não? — ela fez que não com a cabeça. Eu segurei a bolsa debaixo do braço. O que eu queria? Afinal, ela era a sensata. — Você não pode desistir de um emprego por causa do seu chefe, Anne — ela disse, passando por mim e se abaixando. Pegou um dos sacos de ração e a colocou de volta na prateleira vermelha. Ela encaixou outra embalagem no gancho sobre a outra. Tamborilei os pés no piso de lajotas salpicado por patas e apoiei as mãos nos quadris, esperando o resto da resposta. — E, além do mais, você precisa do emprego. — Ela me olhou por cima do ombro. Estava certa. Abby levantou e atravessou a loja. Eu a segui. Ela se colocou na frente de um cercado cheio de gatinhos. Pegou cada um, deu um beijinho e desejou boa-noite. Meus ombros baixaram, mais leves. O dia foi longo hoje, mas meu chefe me libertou mais cedo, porque tinha uma festa chique e fútil para ir com o Sr. Sheppard, o irmão do Sr. Shaffer, que fundou a empresa. Eu mal podia esperar para chegar em casa e tirar meus sapatos de salto, que apertavam tanto o meus pés, que pensei que iriam explodir a qualquer momento. Abby beijou o décimo gatinho e olhou para mim. — O que ainda está fazendo aqui? — perguntou. Esse era outro ponto interessante da nossa relação: eu meio que só a visitava quando precisava de algo — que realmente nem precisava. Ela era a minha irmã mais velha, então era natural que qualquer dúvida maior que eu pudesse responder fosse tratada pelo filtro divino dos irmãos mais velhos. Me fingi de boba. — Quer que eu vá embora? — Não, mas geralmente você só me usa e j**a fora. — Um sorriso passou por meus lábios. — Quer jantar? O Mike fez macarrão com queijo.Eu avaliei a ideia. Sim! Meu estômago gritou. Não. Minha mente decretou. — Não posso. Tenho que responder alguns e-mails, verificar as tarefas que meu chefe pediu que fizesse e organizar a agenda pela terceira vez num único dia — ela fez uma careta. — Que chato. — Pois é. ***Fui direto para casa depois de visitar minha irmã. Ela passou quase meia hora falando sobre Hannah e Maryah. Depois, corri para o metrô e cheguei em casa. Tomei um banho rápido, vesti um roupão e caí na cama, cercada de papéis, notebook e almofadas coloridas — o meu maior segredo desde o colegial. Respondi alguns e-mails, bebi uma caneca de café que preparei assim que cheguei e me aconcheguei debaixo do cobertor. Entrei no site de chat anônimo que descobri há um mês e falei com um estranho por quase uma hora. O Secret People Chat era quase um vício. Meu pai dizia que era errado conversar com estranhos, mas eu não o escutei, porque desde os quinze anos amo bater papo com pessoas desconhecidas. Antigamente, eu costumava m****r bilhetes para colegas de escola e sempre conversávamos por aqueles bilhetes. Isso evoluiu com o passar do tempo, e encontrei chats anônimos na internet. Mas então, no mês passado, quando me peguei no pior momento da minha vida, descobri o Secret People Chat. Era incomum. Único. Eu fui confortada por pessoas que nem conhecia, mas que pareciam estar do meu lado, me apoiando, desde que nasci. Era surreal.Abri o notebook e procurei por alguém. Vi uma bolinha no canto superior. Sr. Bolas Azuis.Sorri, achando engraçado. Eu abri o chat e digitei: Quanto tempo? — A. Perguntei, me referindo à última vez que gozou. As bolinhas começaram a subir e descer. A empolgação característica envolveu meu estômago. Sr. Bolas Azuis. disse: Depende. — Sr. Bolas Azuis.Annelise4 anos depois Chase bagunçou o cabelo de Thomas pela terceira vez enquanto ele tentava se concentrar no desenho. Os fios castanhos médios de Thomas pareciam arrepiados, e somente quando Chase foi até a porta, Thom olhou para mim, por cima do ombro, e sorriu. Tínhamos combinado que quem fizesse o melhor desenho ganharia um presente especial de Chase. Eu rabisquei algo no pedaço de papel, e Chase cruzou os braços, impaciente. Ele voltou, andando na nossa direção e expirou audivelmente, colocando as mãos nos quadris. — Acha mesmo que vão vir? Já é tarde. Kathryn disse que estaria aqui em duas horas. — Eu levantei a cabeça, e Chase, mais uma vez, bagunçou o cabelo de Thomas, que o encarou impacientemente. Parece que tinha herdado o mal humor do pai. Eu sorri.
Eu respirei fundo. Meus pulmões se encheram com o perfume das flores. Tudo estava simplesmente perfeito.Tinha um espaço aberto e gramado na frente do túmulo do meu pai. Olhando para frente, vi Annelise se aproximando lentamente, e quando olhei para Madeleine do meu lado, vi que havia lágrimas em seus olhos. A enfermeira permitiu que ela celebrasse nosso casamento. Percebi sua melancolia nesses dias. Enquanto me enterro no trabalho, tenho me afastado um pouco da minha linda garota.Abby estava ao seu lado, trazendo-na para mim.Havia poucas pessoas à nossa volta; amigos, familiares e pessoas importantes. Foi o que consegui fazer, e ver aquele sorriso gigante no rosto de Annelise fazia tudo valer a pena.Quando ela se aproximou mais, Abby deu um beijo em seu cabelo e sorriu. Annelise estava linda. Ela usava um vestido longo branco com detalhes em renda e bordado. Seu cabelo estava amarrado num coque baixo
Eu mal podia acreditar que havia se passado um mês.Depois que Abby e Mike se mudaram para Chicago, tudo parecia desconcertado, de alguma maneira. A nossa despedida foi breve e intensa, como se ela estivesse se mudando para o Japão, mas acontece que em mais de vinte anos, nunca fiquei tão longe de Abby.— Promete que vai me ligar todos os dias? — Perguntou ela, me abraçando com força.— Prometo. — Eu murmurei, tentando lutar contra as lágrimas. Abby me apertou com mais força. — Eu não acredito que está mesmo indo embora. — Afundei minha cabeça em seu cabelo, apoiando o queixo em seu ombro. — Vou sentir saudades.Chase havia saído da Shaffer & Sheppard, o que lhe dera bastante trabalho — principalmente vindo do sr. Sheppard — e dor de cabeça. Ele se concentrou em sua própria agência e conv
Eu não me lembro de estar tão feliz.Quando foi a última vez que estive tão feliz?Annelise me contou o porquê que demorou tanto para me contar que estava grávida, e depois de dizer que tinha receio da minha reação, gargalhou, lembrando do que fiz mais cedo na agência. Parecia um sonho. Eu ainda estava tentando digerir a novidade ao mesmo tempo em que me permiti sentir o luto pela morte do meu pai. Conversamos sobre como ela se sentia insegura às vezes, e perguntei se eu a fazia infeliz. Infelizmente, a resposta foi uma hesitação.— Você é confuso às vezes. — Ela disse. — E muito intenso. Isso me deixa amedrontada. Sinto que, de vez em quando, não consigo te dar tudo quanto gostaria. É frustrante.Estávamos tendo uma conversa sincera. Eu a olhava nos olhos o tempo todo, para garantir que se sent
Me senti muito mal por olhar nos olhos de Chase e omitir que estava carregando um filho seu. Era crueldade, na verdade. Talvez isso, a notícia, fosse ajudá-lo um pouco a esquecer a morte do pai, embora não soubesse exatamente o que acontecera.— Está escondendo alguma coisa. — Sua suspeita era uma faca enfiada na minha barriga.Os olhos de Chase vasculharam os meus à procura de algo, mas quando abri a boca para dizer algo, ele simplesmente me beijou.— A resposta é não, caso esteja pensando nisso. Não quero que se afaste de mim, Annelise. Nenhum pouco. Quero… — ele olhou nos meus olhos, profundamente, e disse: — Quero casar com você, ter uma família. Entende? Você está se afastando de mim, eu sei… está com medo, não está? Medo do que tudo isso está se tornando.Eu assenti.Sent
Parecia injusto tratar Annelise como um brinquedo, por isso deixei seu apartamento no dia seguinte e fui para o meu próprio apartamento. Eu queria garantir que nada como o que aconteceu ontem iria se repetir. Eu vi Annelise, em certo momento, levantando da cama e indo até o banheiro. Ela passou longos quarenta minutos — chorando — dentro do maldito banheiro. Me perguntei se a tinha machucado ou magoado. Parecia mais um animal que acabara de fugir do zoológico e estava louco do que o homem que dizia amá-la, mas acontece que nada daquilo era realmente sobre ela — e, talvez, nem sobre mim.Passei toda a manhã focado nos assuntos do escritório. Montei ideias, busquei inspirações, tentei contatar pessoas importantes. Às oito em ponto fui para a agência e vi Annelise conversando com Susan no fim do corredor. Ela sorriu e acenou para mim. Eu a ignorei, angustiado, de repente.A porr
Último capítulo