— Ela disse que não. Não sei o porquê, mas fiquei decepcionado com a resposta. — Por que? — Ela disse que o senhor é um grosso bonito, solteiro, mas é rico, homens como você não gostam de mulheres como ela… Por que você não gosta da minha irmã? — Emendou rápido e eu não sei o que dizer, pois, fui pego desprevenido. — Eu nunca disse isso! — Por que não somos ricos? Ela é linda, tio Edw. Disso ele tem razão! — Meus amigos de Salvador tem inveja de mim, sabia? É porque não temos dinheiro? — O garoto nem me deixava responder, não parava de falar. — Crescerei, serei um advogado e ficarei rico que nem você. — Porque você quer tanto ser rico? — O questiono mudando o rumo da conversa. O que eu diria? Não gosto e nem desgosto? Sua irmã me dá um tesão do caralho, principalmente aquela bunda gostosa dela. Tudo que passava em minha mente era inadequado, por isso prefiro mudar o rumo de seus pensamentos. — Por causa da Bea… — Ela te pediu isso? — Meu tom saiu chateado.
Sei que a raiva é uma emoção que nos cega, nos consome de dentro para fora e se não nos cuidarmos, ela arruinaria as nossas vidas. Desde criança que parei de me apegar a raiva, então não lembrava o gosto amargo que ela nos faz sentir. Porra, tenho praticado meditação por esse motivo, para que essa sensação não aconteça comigo. Refletir, olhando a fachada da casa da amiga de Beatriz. Lourdes… A viagem pareceu-me uma eternidade. A preocupação, a aflição de chegar tarde demais e a confusão de minha mente ao me sentir assim por uma desconhecida, fizeram dessa viagem longa demais para minha sanidade. Eu me sinto cansado em todos os sentidos, tanto físico, quanto mental, mas nunca que eu cogitaria ir para o hotel descansar primeiro. Eu queria ter chegado antes, contudo, depender de voos comerciais é uma merda. Porra de atrasos. Bradei em pensamento. Ainda bem que o Edw havia avisado e o detetive já me esperava no estacionamento do aeroporto, se não, eu estaria ainda mais irritado. Nã
— Quando a polícia chegará? — Perguntei ao Adrian no momento que nos aproximamos do portão. Olho as horas em meu relógio de pulso e vejo que já passava das 4h da manhã. — Em 10 min. — Ele respondeu tirando um pequeno estojo do bolso, abriu, tirou uma chave micha de dentro e começou a abrir a fechadura do portão de entrada. — Dá para realizar um belo estrago na cara dele, mas aconselho bater do pescoço para baixo. Não queremos ficar mais tempo que o necessário na delegacia. — Demora esse tempo todo para eles responderem um chamado? — O questionei incrédulo. — Às vezes demora até mais, contudo, nesse caso, pedi a um amigo policial para efetuar a prisão, expliquei-lhe e o mesmo disse que aguardará você dá uma lição nele. — O fito surpreso por suas palavras. Ele sorri. — Não há lamentos para covardes de merda. Fico feliz de entender um pouco melhor o português. Ele havia falado rápido, mas felizmente, dessa vez entendi o que ele falara. — Compartilho o mesmo que vocês. — Revelei
— TIRE ELA DAQUI ADRIAN. — Gritei indo para cima do maldito e dando o primeiro soco no estômago dele, o fazendo gemer de dor. Tentei acertá-lo mais uma vez, porém, ele foi mais rápido e me empurrou para longe. Marcus é um homem negro, um pouco mais alto que eu, ele é forte, porém eu me garanto. Tenho 1.92 de altura. Assim como o Edw, pratico atividade física. Na academia, mas pratico e isso é evidente em meu corpo. Ainda que eu não praticasse exercícios… Sei o que fazer em uma briga. — Quem é você? — Ele perguntou confuso. — Não se recorda da minha voz? — Indaguei não escondendo minha irritação por baixo de uma falsa calma. — Está claro que é um gringo. — Debochou e eu ignorei. — Por quê saberia quem é você? — Nos falamos faz algumas horas. — Retruquei e ele arregalou seus olhos para mim. Quando enfim Marcus entendeu o que se passava, foi que reagiu. Tornou a vir para cima de mim e me empurrou forte o suficiente para me desestabilizar. Fez menção de me dar um soco na cara
Salvador, Bahia! BEATRIZ É noite e o vento forte balançava meus cabelos para todos os lados deixando os meus cachos embaraçados, o suor colava a minha calça, jeans clara e minha blusa, polo ao meu corpo me deixando desconfortável. Caminhei a passos largos pelas ruas do comércio, estava tudo tão silencioso. Alguns carros passavam e meu corpo gelou de medo. O que estou fazendo? Porque eu não dou meia volta? — Porque preciso! —Tento me convencer pela milésima vez. A vida é uma sucessão de escolhas e eu sinto, sinto em meu íntimo que vou me arrepender dessa minha escolha. Ou talvez seja só o medo falando. — Mas agora é tarde! Não dá para retroceder. Se dependesse apenas de mim eu estaria em meu quarto, estudando as matérias atrasadas da faculdade. Pensei, sentindo a tristeza nublar meus pensamentos mais uma vez, mas tão rapidamente surgiu, me obriguei a ignorá-la. Contudo, eu não posso! Não tenho dinheiro para pagar minha faculdade, não tenho dinheiro nem para pegar um
Os seguranças à minha frente usavam a típica farda social, calça, blazer, sapatos, gravatas na cor preta e camisa social branca. Pareciam seguros e altivos. Estava claro estarem acostumados com as mulheres que vem aqui em busca de trabalho. — Ciências Sociais? — Perguntei-lhe. — Isso! — Falta pouco para ela terminar, senhor! Hum! Os senhores podem ver se está tudo certo? — Ah, sim! O pedido de Lourdes é uma ordem para mim. — O entusiasta disse caminhando novamente até a sua mesa, abre um caderno, olha por um instante e depois volta a olhar para mim. — Aqui! Ana Beatriz, uma diária como camareira, oito horas de relógio. — Sim! — Ligarei para, Cláudia, ela que resolve essas coisas. Enquanto ele ligava para senhora Cláudia, o rapaz que me atendeu não tirava os olhos de mim, eu não sabia para onde olhar. — Você daria uma bela de uma puta. — Ele diz como se estivesse me elogiando. Fingir que não ouvir. Troglodita. Meu coração voltou a bater forte e eu fiquei com raiva d
Demorou um pouco até eu encontrar a sala que o segurança havia falado. Virei à esquerda, logo encontrei o corredor largo que ele disse, seguir reto, mas o corredor parecia que não tinha fim. — Puta que pariu. — Esbravejei baixo parando por alguns segundos. Minhas pernas queimavam de um jeito absurdo. — Como trabalharei às 08h00 de relógio assim? Trabalhando. Penso. —Você não tem escolha, Ana Beatriz! Você não tem escolha. — Murmurei. Mesmo não querendo, o ressentimento estava lá em minha voz. Eu não me arrependo de ter deixado meus planos ou a mim mesmo de lado pelo meu irmão, Levi. Longe disso, ele não tem culpa. Mas, não consigo deixar de ficar triste por tudo que estamos vivendo. Respiro profundamente com um pesar no peito e volto a caminhar, sentindo como se estivesse levando o mundo nas costas. Após andar por quase cinco minutos, cheguei em frente a duas salas. Isso ele não me contou. Olhei para a sala da esquerda e estava escrito novamente em letras de imprensa
— Entre! — Ela avisou com um sorriso na voz. Provavelmente rindo de mim por dentro. A porta se abriu e ela olhou em direção à mesma. — Diga Carla. — Olho em direção a porta. A mulher por nome Carla parecia estar cansada e assustada. Ela aparentava ser um pouco mais velha que a senhora Cláudia, seu cabelo loiro estava cortado em chanel, ela não parecia se importar com roupas, usava calças, jeans surrada e uma blusa de malha na cor preta, com alças tão finas que poderiam se partir a qualquer momento, e um decote tão aberto que deixavam metade de seus seios amostra. Encarei a tal da Carla por alguns segundos, a cumprimentei com um sorriso e voltei a olhar para frente. Constrangida, foquei os meus olhos em dona Cláudia outra vez. — Senhora, ele chegou e quer falar com a senhora. — Ao ouvir as palavras o sorriso da senhora Cláudia morreu na hora. Uma coisa que sou boa é ler as expressões das pessoas, seja lá quem for esse cara a deixou bastante aborrecida. — Agora? — Sim! Com