Joguei a última peça de roupa na mala e puxei o zíper com força, como se aquilo pudesse selar a bagunça que estava dentro de mim. Já tinha decidido: partiria de Monte Verde pela manhã. Sem avisos, sem despedidas longas. Só eu, a estrada e o que restou de mim depois dessa temporada improvável.
Foi então que ouvi batidas leves na porta. Suspirei. Só podia ser ela.
— Alice? — a voz doce de Dona Gertrudes me alcançou antes que eu abrisse. — Posso entrar?
Abri à porta e dona Ge cruzou a porta devagar, como quem pisa em território delicado. Seus olhos caíram direto sobre a mala aberta aos pés da cama. Silêncio por alguns segundos.
— Vai mesmo embora?
— Já devia ter ido, Dona Ge. Fiquei demais — respondi, tentando não desabar com a fragilidade do olhar dela.
Ela caminhou até mim e se sentou na beirada da cama. As mãos enrugadas se apoiaram nos joelhos.
— Sei que Zeca foi um idiota. Mas ele… ele é assim por defesa, minha filha. Já teve o coração quebrado por alguém que mentiu, e desde então n