Luna usurpada, Você e os trigêmeos são meus!
Luna usurpada, Você e os trigêmeos são meus!
Por: cerice thanawi
1: A menina da adaga no coração.

Cap1: A menina da adaga no coração.

 Maya Volpyn

Eu tinha doze anos quando abri os olhos pela primeira vez.

Literalmente.

Desde o dia em que nasci, estive em coma. Mas não era um coma qualquer. Eu vim ao mundo com uma adaga cravada no peito — uma lâmina mágica atravessando meu coração, protegida apenas pela minha caixa torácica. Ninguém jamais conseguiu explicar como isso foi possível. E muito menos como remover a adaga sem me matar no processo.

Não tenho lembranças. Nenhuma infância. Nenhum som, cheiro ou rosto familiar. Só o vazio.

Meus pais passaram anos buscando desesperadamente alguém com magia suficiente para salvá-la. Tentaram de tudo. Magos, curandeiros, rituais. Mas a resposta era sempre a mesma: retirar a adaga significaria assinar minha sentença de morte.

Ninguém entendeu como, um dia, simplesmente acordei.

O que lembro é uma voz. A voz de um garoto. Familiar, mesmo que eu não tivesse memórias para compará-la. Logo depois, senti uma luz azul vibrar no centro do meu peito. E então… meus olhos se abriram.

Tentei me levantar, mas mal conseguia sustentar meu próprio corpo. Era como se cada osso estivesse quebrado. Cambaleei, sufocada pela dor, e caí de joelhos. Então vieram os gritos — de medo, de alegria, de espanto.

Meus pais entraram correndo no quarto, seguidos por uma garota da minha idade. Fui envolvida por braços quentes e desesperados, mas o que deveria ser um gesto de amor virou tormento. A adaga reagiu. Uma dor insuportável rasgou meu peito.

Naquele instante, entendi: eu não podia ser tocada. Qualquer contato físico ativava a lâmina mágica dentro de mim. Para continuar viva, eu teria que viver isolada… sem abraços. Sem carinho.

— Por favor, só uma vez… — implorou minha mãe, os olhos cheios de lágrimas.

A culpa me consumiu. Eu a evitava, presa entre o medo e a apatia. Mas a dor no olhar dela era maior que a minha covardia. Então, pela primeira vez, me permiti.

Ela me abraçou. Forte, chorando. E por alguns segundos, senti algo… bom. Quente. Familiar. Mas a sensação durou pouco. Uma exaustão brutal caiu sobre mim como um feitiço. Desmaiei nos braços dela.

Quando acordei… uma semana havia passado.

Os anos em coma deixaram suas marcas. Meu corpo era frágil, subdesenvolvido. Minha mente, lenta e confusa. Aprender a andar, falar e comer se tornou um novo desafio. Eu era como um bebê, mas com consciência demais da própria vulnerabilidade.

Tentei forçar lembranças do passado. Uma, em especial, me doeu: aos cinco anos, meus pais quase desistiram. Os médicos sugeriram desligar os aparelhos. Mas, por algum milagre cruel, continuei viva. A partir dali, fui mantida com o mínimo de esforço — alimentada por sondas, observada de longe, como um espectro adormecido.

Agora, aos doze, começava a engatinhar de novo… sozinha. A vergonha me corroía. Tudo que eu deveria ter aprendido na infância, precisava dominar agora. Tarde demais. Rápido demais.

Minha família não era comum. Vivíamos numa cidade moderna, cercados por pessoas normais — mas nada em nós era normal. Meus pais tinham ligações com magos ancestrais, lobos descendentes de deuses, e outras criaturas que o mundo preferia ignorar.

Eu mesma pertencia a uma espécie rara, escondida entre os humanos. Invisível. Intocável, mas só era isso, sem nada especial, só essa condição miserável me torturando, sem poderes, sem capacidade de me defender, eu sou uma tragédia.

A família Volpyn, a minha família era a segunda mais poderosa no mundo místico, atrás apenas do clã de Kan, o alfa supremo. O guardião da ordem, o equilíbrio entre humanos e seres mágicos por ser um homem da descendência de deuses.

Eu não sei muito sobre as confusões politicas, mas sei que o tal ancião Kan, esta esperando algum tipo de profecia sobre seu herdeiro, que ele viria seu nascimento seria abençoado da lua e das estrelas.

A profecia? Para mim, era apenas um sussurro distante, um eco de um destino que nunca senti como meu. Enquanto o mundo falava de herdeiros e tronos, eu era só uma garota aprisionada em um corpo frágil, amaldiçoada desde o nascimento, encarando todos os dias como uma batalha silenciosa.

Minha vida se resumia a livros, sessões intermináveis de fisioterapia e à solidão de uma cadeira de rodas. Meus músculos, rígidos como pedra, lutavam contra cada movimento, e a dor... era constante. Um lembrete insuportável de que eu jamais teria uma vida comum.

Enquanto isso, meu pai, o chefe da família Volpyn, sonhava alto. Acreditava que uma aliança com o clã Kan poderia transformar nosso nome em lenda. Mas mesmo com toda nossa influência, os Kan não pareciam dispostos a aceitar o acordo em que ele se uniria a minha irmã gêmea Lana assim que ela alcançasse a maioridade. Havia tensão entre os clãs, um rancor velado. Diziam que era porque minha família abrigava magos e feiticeiros renegados, algo que os Kan consideravam uma afronta. Eu não sabia exatamente o que se passava nos bastidores... mas podia sentir o peso disso tudo nas paredes da nossa casa.

Os dias passavam arrastados. Cada um igual ao anterior. Eu, em minha cadeira, perdida entre palavras e teorias mágicas, tentando preencher o vazio com conhecimento. Professores, terapeutas e instrutores iam e vinham, mas o toque humano era um luxo que eu não podia ter. Qualquer contato físico era perigoso demais. Me ensinaram a sobreviver sozinha.

Lembro-me dos sussurros do passado, dos choros abafados que escapavam do quarto dos meus pais, das preces sussurradas no escuro. Eles não choravam por falta de amor. Choravam por impotência. Por me ver definhar, dia após dia, em silêncio.

Talvez, no fundo, os abraços que tentavam me consolar tenham atrasado meu despertar. Talvez o amor deles tenha me mantido adormecida por mais tempo do que deveria.

Depois de seis meses lutando contra meu próprio corpo, finalmente consegui colocar os pés no chão. A sensação foi estranha, como se o mundo estivesse em câmera lenta. Como se eu estivesse pisando nele pela primeira vez.

Lana, parecia sempre cheia de luz. Corria ao meu redor, como se a dor não fizesse parte do vocabulário dela. Um dia, ela me convidou para um passeio no jardim da mansão, um lugar que mais parecia ter saído de um sonho. Árvores antigas sussurravam segredos com o vento, um rio cristalino serpenteava o terreno, e uma ponte de pedra levava a um mirante com vista para o lago.

Ela me levou até lá, os olhos inquietos presos ao reflexo da água. Ao me aproximar, vi o quanto éramos parecidas. Duas gotas do mesmo mar. Mas algo em seu olhar me dizia que havia uma rachadura nessa simetria.

— Você tem recebido bastante atenção, não é? — disse de repente, me encarando com uma mistura estranha de inveja e mágoa.

Não respondi. As palavras não vinham com facilidade. Ainda era refém de uma língua que insistia em me trair.

— Sempre foi assim — ela continuou. — Mamãe dormia no seu quarto. Fazia tudo por você. E agora, mesmo acordada, você ainda é o centro do mundo. Até sua educação é melhor que a minha. Por que você não morreu, Maya? Já não teve atenção o suficiente?

As palavras dela me atingiram como facas afiadas. A dor foi imediata. Meus olhos arderam, traindo a emoção que eu tanto tentava esconder.

Ela não se importou. Ao contrário. Sorriu. Um sorriso cruel, satisfeito.

— Hoje, nossos pais vão receber visitas importantes. E, sinceramente? Eu preferia que você não aparecesse. Já basta ser uma vergonha ambulante. Uma menina boba, lerda, que mal consegue comer sozinha... Você não vê como é patética?

— P-posso... posso ficar no quarto — murmurei, a voz fraca, mal saindo dos lábios, eu nunca pensei que minha irmã se rebelaria de forma repentina contra mim, como se eu fosse uma ameaça.

Ela começou a se afastar pela ponte, mas parou.

— Não, Maya — disse, com um olhar frio e debochado. — Você pode ficar no lago, a mão dela bateu com força em meu peito me empurrando, e eu não consegui me segurar a não ser aceitar a gravidade me levando para baixo, direto para a agua.

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