5: aprisionada em meus braços.

Capítulo 5

Samuel Kan

Com um urro gutural, me libertei das mulheres que me prendiam e saltei pela janela em minha forma de lobo que fizeram ela recuar de medo.

a poção que meus irmãos me deram teria menos efeito, mas ainda assim, meu tempo era curto, eu tinha que encontrar um lugar para esperar o efeito passar, ainda tinha tempo.

Por um instante, pensei ter visto um vulto em cima de uma árvore, ou talvez... uma mulher? Mas isso não importava agora.

Continuei correndo entre as árvores, cambaleando a cada passo. Minha visão turva dificultava a fuga, e eu sabia que meus irmãos logo enviariam alguém em meu encalço. Precisava encontrar um lugar para me esconder e ativar um bloqueio mágico.

Minha forma de lobo era imponente, comum para um lobo de guerra.

Meu tamanho e pelo acinzentado quase prateado me tornavam um alvo fácil. Era difícil me esconder entre as moitas, ainda mais sob o efeito da poção, voltei a minha forma humana e me mantive deitado ali escondido pela barreira magica que eu podia criar.

De repente, um som estrondoso ecoou atrás de mim. Um galho quebrou a poucos metros de distância, e percebi que alguém estava me seguindo.

Me escondi entre as folhagens, sentindo a poção tomar conta do meu corpo. Com todas as minhas forças, me concentrei em formar o bloqueio mágico.

Aos poucos, a barreira se formou ao meu redor. Ninguém do lado de fora seria capaz de me ouvir, me ver ou sentir minha presença. Era a minha única chance de me proteger dos meus irmãos.

"Está feito..." sussurrei para mim mesmo, soltando um urro de dor. Meu peito queimava com a poção, e eu precisava reprimir essa dor de alguma forma.

Enquanto me concentrava em drenar a poção do meu corpo, um som suave ecoou no jardim entre as arvores e arbustos.

Não era o estrondo pesado de botas que eu esperava dos meus irmãos, mas sim passos leves e vacilantes, como se alguém estivesse se aproximando com cautela.

Minha mente turva pela poção dificultava a visão, mas ainda assim, consegui distinguir a silhueta de uma mulher. Ela usava um volumoso vestido branco, mas seus detalhes eram indecifráveis.

Uma onda de confusão me dominou. Como ela podia me ver? A barreira mágica deveria estar ativa, impedindo qualquer contato visual. Franzi o cenho, desconfiado.

— Senhor... você está bem? — ela perguntou com voz suave, se aproximando lentamente.

Balancei a cabeça negativamente, alertando-a para se manter afastada. Mas quem era essa mulher? Uma comparsa dos meus irmãos? Ela não podia me tocar, protegida pela barreira.

Ou assim eu pensei. Para meu espanto, ela atravessou o limite do escudo sem hesitar, se agachando perto de mim.

— Impossível... — murmurei com a respiração entrecortada, ela não ouviu quando disse para ela se manter longe.

— Céus... o que aconteceu com você? — sua voz, agora ofegante, carregava um tom de preocupação genuína. — Precisa que eu chame ajuda?

Senti a aproximação dos meus irmãos, percebi que a mulher ao meu lado não me reconhecia e pelo visto não tinha nada a ver com eles, a puxei com força pelo pulso para a esconder dentro da barreira enquanto me procuravam, ela poderia acabar os atraindo.

A escuridão e o efeito da poção dificultavam a visão, mas meus ouvidos aguçados captaram os sons de seus passos apressados.

Ela se debateu assustada com meu gesto brusco, mas a prendi em meus braços.

— Seu louco! O que está fazendo? — ela gritou desesperada, tentando se livrar de mim com socos e chutes inúteis. Sua força era irrisória, a mais fraca que eu já havia visto.

— Ele deve ter vindo por aqui! As meninas avisaram que ele fugiu pela janela! — a voz de um dos meus irmãos ecoou pela floresta, enquanto seus homens cercavam o perímetro.

A mulher se acalmou de repente, permanecendo em silêncio sobre meu peito enquanto observava a cena ao redor, parecia que ela também estava tentando fugir de algo.

A barreira funcionava perfeitamente, protegendo-nos dos meus irmãos. Mas como ela havia conseguido entrar?

Nunca antes havia encontrado alguém que pudesse atravessar a minha barreira mágica de camuflagem e nem mesmo me ver através dela.

Essa mulher era diferente. Algo em mim me dizia que ela não era quem aparentava ser, já que se ela fosse uma loba ao menos teria conseguido se livrar de mim com facilidade, será que é uma humana? Humana aqui? Ainda assim, humanos também não consegue me ver e nem entrar na barreira.

Enquanto eu estivesse sob efeito desse veneno, meus irmãos poderiam conseguir o que querem, mas não vou ceder assim, Minha barreira mágica me protegia, e eu poderia mantê-la ativa por quanto tempo quisesse.

Mas o casamento já deveria estar acontecendo a muito tempo, não sei quanto tempo já estava atrasado, Maya deve estar com medo de eu ter desistido, e a cada segundo que passava, a angústia de não estar ao lado dela me consumia.

Fechei os olhos por um instante, sentindo meu peito queimar com a saudade e a frustração.

De repente, um gemido de dor cortou o silêncio. Era a mulher que eu havia prendido dentro da barreira. Sua voz fraca e suplicante me causava um estranho prazer, misturado com culpa e confusão.

— Ei... — ela sussurrou, implorando por piedade. — Você vai me matar? Me deixe ir! Socorro!

Ela gritou com todas as suas forças, mas seus gritos eram em vão. A barreira bloqueava qualquer som, isolando-a do mundo exterior.

O pânico se apoderou de seus olhos. Ela me encarou com terror, finalmente compreendendo sua situação.

— Quem é você? — ela perguntou e eu deixei ela se afastar de mim um pouco, mas a mantendo ainda na barreira, mas parece que estou começando a perder o controle e não podia ter uma mulher aqui, mas agora não posso deixar ela sair ou eu vou ser descoberto.

Soltei mais um urro o efeito estava em seu pico, uma luz vermelha incandescente emanou do meu corpo, tomando conta de mim.

A poção me consumiu me afastando da racionalidade, e agora eu a queria, ela seria meu ponto de escape e consumação daquilo que eu menos queria com qualquer outra mulher.

— Que azar o seu ter me encontrado... — rosnei para ela, que me encarava com horror ao perceber o brilho vermelho de meus olhos, naquele momento ela era minha presa.

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