65. Laços que o tempo não quebra.
Hoop
O céu lá fora estava dourado, tingido pelas últimas luzes do entardecer. As folhas se moviam em compassos lentos, como se a própria floresta quisesse respeitar o silêncio que me envolvia. Eu estava sentada nos degraus da varanda da casa de Marluce, abraçando meus joelhos, com a cabeça encostada nas pernas. Por fora, calma. Por dentro, um furacão de sentimentos que eu nem sabia nomear.
Os últimos acontecimentos dançavam em minha mente, Blanca, meu pai, a profecia…
Eu soube que ele estava ali antes mesmo de ouvir seus passos. Era como se meu corpo inteiro reconhecesse aquela presença.
— Posso me sentar? — a voz grave e conhecida me fez prender a respiração por um segundo.
Assenti com um leve aceno, sem olhar. Meu coração batia descompassado, como se voltasse a ser a menina que se escondia atrás das árvores para ver o pai treinar.
Ele se sentou ao meu lado. Lohan. Meu pai.
O silêncio entre nós durou o tempo exato de três batidas descompensadas do meu coração.
— Você está bem? — ele