46. O Sangue Que Me Liga.
Egohen
A luz fraca da manhã entra pelas frestas mal vedadas da janela, carregada por um vento cortante e gelado. O ar na alcateia de Pelo Branco está pesado, mais do que o comum. Sinto como se o vento gélido estivesse sussurrando, de forma estridente, aquilo que venho reprimindo há anos: uma parceria com um ser monstruoso e desprovido de alma.
Entro na sala e escuto um soldado dizer o nome do meu irmão.
Sei que Maximus, meu parceiro por uma aliança entre meu pai e o pai dele, odeia quando alguém interrompe suas reuniões, mas é do meu irmão que estão falando, e sem pensar pergunto.
— Do que estão falando? Ouvi o nome do meu irmão.
Maximus me fuzila com os olhos, mas não me importo. Quero saber o que estão falando do meu irmão.
Nós sempre nos comunicávamos com cartas, mas depois da última que enviou, dizendo que iria sair em missão, nunca mais escreveu, o que me deixa muito preocupada.
— Seu irmão colheu o que plantou. Um traidor não merece nem viver — vocifera Maximus, com aquele maldi