87. Perdão.
Hoop
O cheiro de flores silvestres misturado ao das tochas queimando folhas de alecrim preenchia o ar da tenda. Eu estava sentada diante de um espelho antigo, observando meu reflexo com um misto de incredulidade e gratidão. Nunca pensei que viveria este dia. O dia em que meu nome e o de Connor, o filho do inimigo do meu pai, seriam unidos diante da Deusa, diante da alcateia, diante de todos.
Minhas mãos tremiam levemente enquanto ajeitava a coroa de cristais e folhas no cabelo. O tecido branco que cobria meu corpo parecia brilhar à luz das tochas, e mesmo assim, por dentro, eu ainda sentia as cicatrizes que ninguém via. Eu não era a mesma Hoop de tempos atrás. Eu tinha rachaduras, marcas, perdas que o tempo jamais apagará. Mas hoje... hoje eu estava em pé.
E foi nesse momento, quando meu coração se enchia de expectativa pelo futuro, que o passado decidiu entrar.
A voz dele cortou o silêncio da tenda como uma lâmina.
— Hoop...
Meu corpo inteiro ficou rígido. Eu conhecia aquele timbre.